“É comum que problemas de família, de trabalho e de relacionamento aflorem justo neste período entre Natal e a passagem de ano”, aponta a jornalista e escritora Ana Márcia Diógenes
Confira:
Pode parecer fácil escrever sobre afeto a uma semana do Natal. Mas – mesmo com a quantidade de abraços trocados entre amigos secretos nas confraternizações e o número crescente de pessoas que se voluntariam para arrecadar recursos e cestas básicas para os que pouco ou nada têm -, hesitei em falar sobre isto.
Deve ser justo o clima natalino. Por mais que a gente diga que não se deixa afetar, que tem virado uma ocasião mais comercial do que de convicções religiosas, o ar desses dias parece ser composto de outras substâncias. Elas nos levam ao passado, nos fazem lembrar de quem fez antes da gente a viagem para o mundo de lá. E também nos colocam frente aos desafios que queremos disfarçar.
Isso deve ser para todos, porque é comum que problemas de família, de trabalho e de relacionamento aflorem justo neste período entre Natal e a passagem de ano. Tentando entender o porquê, acabei chegando ao afeto (ou à falta dele) e, daí veio a dificuldade de escrever. Fiz três começos diferentes. Saí, levantei, posterguei, voltei.
Pois é… esta palavrinha afeto de que tanto gosto e que me lembra a felicitância, a maravilhança e a alegrança das quais falo diariamente, desta vez me encurralou. Acho que foi por saber e ver notícias de tantas pessoas – conhecidas e desconhecidas –, que estão carentes de afeto, em situações difíceis de serem resolvidas.
À espreita do que temia abordar, acabei escrevendo. O mesmo clima natalino me empurrou para falar do que todos nós precisamos ouvir. Afeto, em termos de sentimentos, é como o correr do sangue em nossas veias. Só que não no coração físico, mas na alma, naquela que faz chegar luz ao nosso sorriso. Ser afetuoso, é contribuir com a luz do outro.
Ana Márcia Diógenes (@namarcia) é jornalista e escritora