“Mais com menos”

Marcos Holanda já presidiu o BNB e conhece o FNE. Foto: Reprodução

Com o título “Mais com menos”, eis artigo de Marcos C. Holanda, professor titular da Universidade Federal do Ceará e ex-presidente do BNB e fundador do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE). Ele aborda o DOGE, novidade que virá no Governo Trump, mas que bem podia ser aproveitada na máquina brasileira e nas gestões dosEstados e Municípios.

Confira:

A grande novidade do segundo Governo Trump é o DOGE (Departamento de Eficiência do Governo), que vai ser liderado por Elon Musk. A economia mais rica do planeta entendeu que não pode continuar gastando cada vez mais e entregando cada vez menos e decidiu mudar. Para tal desafio, chamou seu empresário de maior sucesso. Devemos seguir o exemplo ou somos ricos suficiente para financiar governos cada vez mais caros?

O desafio do DOGE é simples: fazer mais com menos e, ao mesmo tempo, fazer melhor. Governo que faz mais com menos é eficiente. Governo que faz melhor é efetivo. Governadores em meio de mandato e prefeitos em inicio precisam entender essa nova realidade. Os governos ficaram grandes e ineficientes e a capacidade de aumentar a arrecadação para financia-los se esgotou.

Qual a razão de se ter uma Secretaria de Planejamento e um Instituto de Planejamento? Basta um. Qual a razão de se ter uma Secretaria de Desenvolvimento Econômico e uma Agência de Desenvolvimento Econômico? Basta uma. Qual a razão de se ter uma Secretaria de Juventude e uma de Esportes? Basta uma. Faz sentido termos uma Agência de Desenvolvimento do Mar? Se o governo de Minas Gerais funciona com 15 secretarias, o município de Fortaleza precisa de 30?

Como se faz mais com menos? Primeiro é precisa ter foco: eleger prioridades direcionando o governo para a população que mais precisa. Aqui, um alerta: em um Estado e Município em que metade da população é pobre o foco deve ser nos realmente mais pobres. Segundo, integrando e otimizando as políticas públicas. Para que uma estrutura para definir políticas e outra para executar as políticas? Terceiro, investindo melhor e não apenas mais.

Qualquer investimento precisa ter uma análise custo-benefício rigorosa. Os bilhões que foram e estão sendo investidos no Porto do Pecém geram custos para toda sociedade via impostos, mas benefícios muito concentrados em uma empresa estrangeira que tem 33% do porto e algumas empresas privadas. Tais investimentos passam no teste custo/benefício? Quarto, precisa ter estratégia, plano e núcleo duro capacitado.

O ano que se inicia vai ser muito desafiador. Inflação com novo piso de 5%, juros com novo piso de 14%, dólar com novo piso de R$ 6,00, crescimento com teto de 2% e governos sem capacidade de aumentar gastos. Governos eficientes e efetivos não serão opção e sim necessidade.

A era dos governos ricos e da população pobre chegou ao fim. Se é verdade na maior economia do mundo que seja aqui. Caso contrário o governo rico fica pobre a população pobre permanece pobre.

*Marcos C. Holanda

Professor titular da UFC e ex-presidente do BNB e fundador do IPECE.

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