Com o tíítulo “Mais uma ilusão?”, eis artigo de Marcos C. Holanda, PhD em economia e ex-presidente do Banco do Nordeste e fundador do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado do Ceará (IPECE)..
Em economia existe estatística para tudo. Aquela que melhor captura a capacidade das políticas públicas de melhorarem a vida da população é a renda domiciliar per capita. Só quando a atividade econômica se transforma em renda para as famílias podemos dizer que houve desenvolvimento econômico. Nesse sentido, o Ceará tem muito o que avançar. Somos o segundo pior estado do Brasil, só ganhando do Maranhão nessa estatística.
Infelizmente, em vez de procurar caminhos efetivos para reverter essa dura realidade, continuamos a insistir na ilusão de soluções mágicas. No passado, a refinaria, no presente, o hidrogênio verde e a Transnordestina. E, agora, mais uma ilusão que é “um polo automotivo”. Isso mesmo, um projeto que, na realidade, está mais próximo de uma oficina para montar carros pré-fabricados produzidos na China e apresentado como um polo automotivo com grandes impactos na economia do Estado.
Na Bahia, uma grande fábrica de automóveis da Ford não conseguiu se viabilizar e fechou. Em Pernambuco, um grande projeto da Jeep luta para se tornar competitivo e gerar um polo automotivo e não consegue. Com o Ceará vai ser diferente? Uma antiga fábrica de buggy vai se transformar em um polo automotivo?
O Ceara tem sim capacidade de fazer melhor. Vamos parar de ilusões e vamos trabalhar nossos potenciais econômicos reais e de curto prazo. Vamos implantar uma política agressiva de inovação como fez o Recife com o Porto Digital e embarcar na nova economia do século XXI. Vamos resgatar e inovar na nossa indústria do turismo e avançar nos segmentos do turismo de luxo, esporte e de segunda residência. Vamos avançar e potencializar nossa comprovada competitividade nas indústrias de educação e saúde. Vamos focar nossa estratégia de crescimento econômico na oferta de impostos menores, energia abundante e barata, menos burocracia e um governo menor e mais eficiente.
O desafio é de todos.
Temos capacidades no governo, na academia, nas classes empresariais e na sociedade organizada para enfrentá-lo. Não podemos aceitar esse vice campeonato da pobreza.
*Marcos C. Holanda
PhD em economia e ex-presidente do Banco do Nordeste e fundador do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado do Ceará (IPECE).