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“Mensagens desprezadas”

Barros Alves é jornalista e poeta

“Em momento de apertamento financeiro, desfiz-me de obras autografadas para mim por Paulo Mendes Campos, Jorge Amado, Fernando Sabino”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves

Confira:

As dedicatórias escritas em livros dão boa matéria para um ensaio. Já pelo autógrafo do autor em si, já pelo nome do presenteado/adquirente da obra, às vezes famoso. Uns lacônicos, outros prolixos; uns contendo a sequidão burocrática de um lançamento apressado, outros poéticos, carregados de afeto. Tenho colecionado algumas dessas dedicatórias. De ontem e de hoje, de grandes mestres e nomes de menor expressão literária. Mas, a rigor, todos elevados pelo amor e dedicação à Literatura ou às demais artes. Não devo dizer o nome dos recebedores dos autógrafos. Podem estar vivos e não apreciarem ver o nome em um livro que está em outras mãos, às vezes adquirido num sebo, onde foi parar sabe Deus por quais motivos. Quanto ao oferecente, não vejo problema em citá-lo. Tanto uns quanto outros poderão já estar na *cidade dos pés juntos*, eufemismo que minha mãe usava para o cemitério. Não importa! Enfim, isso dá margem para muitas especulações.

Recentemente me caiu nas mãos o livro LAMPEJOS, de autoria de José Macedo (não confundir com o empresário cearense), poeta cratense feito recifense por força da profissão. Não sei se ainda está no mundo dos vivos. Ele ofereceu o livro a conhecido cearense que milita nas lides literárias. A obra é composta de sonetos, trovas e quadras. Versos simples, mas cheios de afeto e emoção. Os quais, aliás transpiram na dedicatória:

Querido…

Amigo a gente não lê
Em Revistas de TV,
Só fazendo encenação.

Amigo a gente não vê
Em loja ou ateliê,
A preços de ocasião.

Amigo é como você
Em quem se acredita e crê
E mora em meu coração.

Não se recrimine o proprietário da obra por não guardar a sete chaves um livro com tão afetuosa dedicatória. Não se sabe o que ocorreu. Eu mesmo, nesta área, quando jovem, cometi crime inafiançável. Em momento de apertamento financeiro, desfiz-me de obras autografadas para mim por Paulo Mendes Campos, Jorge Amado, Fernando Sabino, entre outros. Obras que têm história com minha trajetória de vida nem sempre vivida em *brancas nuvens.* Mas, confortada quase sempre pelos livros, esses *sinceros amigos onde sempre encontramos abrigo*, no dizer do poeta Correia Júnior. Ademais, como escreveu Francisco Otaviano em imorredouros versos fatalistas:

Quem passou pela vida em brancas nuvens
E em plácido sorriso adormeceu,
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.

Barros Alves é jornalista e poeta

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Uma resposta

  1. Grande poeta e conterrâneo , Barros Alves, continue assim e que Deus o criador lhe conceda uma imortal cadeira, espiritual que ela seja, desde o plano terrestre ao plano celestial.

    Com fé e espontâneo
    Seu amigo e conterrâneo
    RUBENILTON

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