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“Microplásticos e Segurança Alimentar” – Por Nizomar Falcão

Nizomar Falcão é PhD e engenheiro agrônomo. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “Microplásticos e Segurança Alimentar”, eis artigo de Nizomar Falcão é PhD e engenheiro agrônomo da Ematerce. “No Ceará, onde a agricultura familiar é fundamental e o uso de plásticos em diversas etapas da produção é comum (mulching, estufas, tubulações de irrigação, embalagens etc.), o impacto dos microplásticos no campo e na qualidade de vida das pessoas é um tema de crescente relevância, notadamente na segurança alimentar”, expõe o articulista.

Confira:

Os microplásticos são partículas de plástico com menos de 5 milímetros de diâmetro, que estão se tornando uma preocupação ambiental global devido à sua onipresença em diversos ecossistemas, incluindo os solos agrícolas. No Ceará, onde a agricultura familiar é fundamental e o uso de plásticos em diversas etapas da produção é comum (mulching, estufas, tubulações de irrigação, embalagens etc.), o impacto dos microplásticos no campo e na qualidade de vida das pessoas é um tema de crescente relevância, notadamente na segurança alimentar.

O impacto nocivo na qualidade de vida das pessoas, ocorre mediante a contaminação por microplásticos usados no âmbito da agricultura, que não se restringe somente aos solos e às plantas; afeta diretamente a saúde e o bem-estar de todos os seres vivos. Os microplásticos contaminam a cadeia alimentar, seja por ingestão direta ou indiretamente. As pessoas consomem alimentos. Se esses alimentos (hortaliças, frutas, grãos etc.) estiverem contaminados por microplásticos absorvidos pelas plantas, há uma via direta de exposição. Outra forma é aquela que se dá pela água e ar.

Microplásticos também podem contaminar fontes de água utilizadas para consumo humano e animal (poços, rios, depósitos plásticos etc.) e serem inalados do ar, especialmente em áreas com alta degradação de plásticos, assim como, pela ingestão de produtos de origem animal contaminados. A forragem para animais ou a água de bebedouros contaminados com microplásticos podem fazer com que essas partículas entrem na cadeia alimentar humana por meio do consumo da carne, leite e ovos.

Os riscos à saúde humana são relevantes porquanto podem ser acumulados no organismo. Uma vez ingeridos ou inalados, os microplásticos podem se acumular em diversos tecidos e órgãos do corpo humano (já foram encontrados no sangue, pulmões e até no cérebro); além da liberação de químicos tóxicos. Os microplásticos podem liberar aditivos químicos utilizados em sua fabricação que são disruptores endócrinos e podem ter efeitos tóxicos no organismo.

Ademais, existem potenciais problemas de saúde. Estudos preliminares (muitos ainda em animais) sugerem que a exposição a microplásticos pode estar associada a: (i) Inflamação crônica; (ii) Danos celulares e genotóxicos; (iii) Alterações hormonais (podendo impactar a fertilidade); (iv) Problemas gastrointestinais; (iv) Estresse oxidativo; (v) Aumento do risco de certos tipos de câncer e doenças cardiovasculares.

A saúde da população está exposta na medida em que as pessoas, muitas vezes, dependem diretamente dos recursos locais – solo, água, alimentos -, e, portanto, ficam mais vulneráveis a esses impactos salutares.

*Nizomar Falcão

PhD e engenheiro agrônomo da Ematerce.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Ver comentários (1)

  • Prezado Sr. Nizomar Falcão,

    Parabenizo-o pelo excelente artigo “Microplásticos e Segurança Alimentar”. Gostaria de compartilhar algumas contribuições:
    1. A norma ISO 21847:2023 oferece uma definição técnica e precisa para microplásticos, sendo uma referência valiosa para padronização e estudos na área.
    2. Embora os microplásticos estejam amplamente disseminados no meio ambiente, até o momento não há evidências científicas conclusivas que comprovem riscos diretos à saúde humana.
    3. Nem todos os plásticos contêm disruptores endócrinos, como o Bisfenol A (BPA), sendo importante diferenciar os tipos de plásticos e seus potenciais impactos.
    4. A indústria brasileira já produz plásticos recicláveis e biodegradáveis, que minimizam resíduos nocivos e a formação de microplásticos persistentes, representando um avanço significativo para a sustentabilidade.
    Agradeço a oportunidade de contribuir e coloco-me à disposição para compartilhar mais informações

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