Com o título “Mulheres, a luta por direitos acontece todos os dias!”, eis artigo de Enedina Soares, presidenta da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce). “O machismo estrutural segue presente em todas as esferas da sociedade, impactando principalmente mulheres negras e periféricas.”, expõe a articulista.
Confira:
O 8 de março não é apenas uma data, mas um símbolo de resistência, marcado por mais de um século de lutas das mulheres contra a opressão, a exploração e as desigualdades estruturais da sociedade. Desde sua origem, na luta das operárias e nas mobilizações feministas, essa data se consolidou como um momento de denúncia das injustiças e reivindicação de direitos.
No Brasil, essa luta ganha ainda mais urgência diante dos desafios que enfrentamos diariamente. O machismo estrutural segue presente em todas as esferas da sociedade, impactando principalmente mulheres negras e periféricas. Altos índices de feminicídio, desigualdade salarial, precarização do trabalho e sobrecarga doméstica são realidades que não podem ser ignoradas.
Os números evidenciam o tamanho da desigualdade. O desemprego entre as mulheres continua superior ao dos homens, e a diferença salarial persiste, chegando a 22,3% a menos para as mulheres em comparação com os homens. Entre as mulheres negras, a situação é ainda pior. Essa disparidade reflete não apenas uma questão econômica, mas também uma estrutura social que desvaloriza o trabalho feminino e invisibiliza as jornadas duplas e triplas que tantas mulheres enfrentam.
Além disso, a participação das mulheres nos espaços de poder ainda é mínima. Somos mais da metade da população, mas ocupamos apenas 17,7% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 18% das vagas nas câmaras municipais. Essa sub-representação impede que as pautas feministas avancem e fortalece um sistema que insiste em nos excluir das decisões que impactam nossas vidas.
Diante desse cenário, o 8 de março não pode ser reduzido a homenagens vazias ou campanhas publicitárias que ignoram a verdadeira essência da data. Essa é uma luta que precisa ser travada todos os dias, em cada espaço, do local de trabalho às ruas, das escolas aos parlamentos.
Neste ano de 2025, seguimos mobilizadas para garantir trabalho digno, soberania sobre nossos corpos, participação política e o direito a uma vida sem violência. A Política Nacional de Cuidados, por exemplo, é uma conquista importante, mas ainda precisamos avançar muito para garantir que o trabalho reprodutivo e doméstico não continue sendo invisibilizado e precarizado.
Sabemos que a luta das mulheres é coletiva, histórica e necessária.
E, por isso, reafirmamos: nossa batalha não se encerra em março. Sigamos resistindo!
*Enedina Soares
Presidenta da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce).