“Rui Barbosa escreveu que uma das mais sublimes formas de amar a Pátria é amar a língua por intermédio da qual expressamos nossas ideias e nosso pensamento”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves
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Depois de longo tempo ausente, vão lá para os trinta anos, na segunda-feira, 28 de abril passado, atendi convite do ilustre mestre e amigo Valdemir Mourão, e compareci à Academia Cearense da Língua Portuguesa. Fi-lo com o fito de assistir a uma palestra proferida pelo acadêmico Paulo Lobão, o qual, aliás, ao abordar o tema “A Gramática e o ensino da língua portuguesa: elocubrações”, se houve com proficiência, clareza e concisão, expressando não apenas o elevado grau de conhecimento da matéria, mas trazendo à mesa de debates, importantes e pertinentes questionamentos, para a reflexão de quantos estudam e amam o idioma pátrio. Rui Barbosa escreveu que uma das mais sublimes formas de amar a Pátria é amar a língua por intermédio da qual expressamos nossas ideias e nosso pensamento.
O estar na ACLP naquela tarde me proporcionou um reencontro com amigos, entre os quais inscrevo o poeta Batista de Lima, que na tessitura do verso expressa com talento o universo do ser e das vastidões sertanejas que carrega no embornal poético; e o professor Sousa Nunes, cuja amizade recente conduz séculos de afetividade, por força da lhaneza com que o preclaro mestre, presidente da Academia Cearense da Língua Portuguesa, oferece o abraço acolhedor, aliado à palavra sábia e discreta. Entre os demais luminares que hodiernamente pontificam na ACLP, senti claramente a presença de alguns que já partiram para o Além. E bateu-me no peito uma saudade imensa. Era como se ali estivessem alguns que ainda hoje me são muito caros: Abdias Lima, Carlos d’Alge, Hélio Melo, Mário Barbosa Cordeiro e, mais do que todos, o professor Edmilson Monteiro Lopes, cuja memória guardo como um ícone sagrado, pelo exemplo de homem probo e sábio que ele foi, aureolado pelas virtudes da modéstia e da paciência para com os obtusos.
Por oportuno, registro que a mim me foi dado um exemplar da Revista VERNÁCULO, número 20, correspondente ao ano de 2024, edição publicada quando a Academia era presidida pelo eminente professor Marcelo Braga; e em cujo Conselho Editorial assentavam-se Batista de Lima, Gorete Oliveira, Ítalo Gurgel, Maria Elias Soares e Olímpio Araújo, diretor de Publicação e Marketing. A VERNÁCULO apresenta uma apreciável feição gráfica e conteúdo formado por artigos, ensaios, contos, crônicas, poemas e outros textos da melhor lavra, a demonstrar o superior apreço e conhecimento que têm os acadêmicos pela “dulcíssima e canora” língua portuguesa.
Barros Alves é jornalista e poeta
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Uma fantástica seleção de professores.
Fui aluno do Professor Edmilson Monteiro Lopes no Ginásio 7 de Setembro, onde aprendi a ler e a escrever procurando ser cada vez mais correto, o que me leva a estudar ainda hoje, mesmo com 70 anos.