“O prolongamento da greve nas universidades está criando animosidade num contingente de grande sustentação para o governo Lula”, aponta a jornalista e escritora Denise Assis. Confira:
A depender da atitude do governo, a greve das universidades que dura desde o mês de março pode acabar hoje, (27/05), num encontro previsto com a direção do movimento, ou se estender por tempo indeterminado. A maior queixa da categoria é pela atitude “autoritária” que perceberam numa nota emitida pelo Ministério de Gestão e Inovação (MGI), dando como prazo final para as negociações, esse encontro.
Não é verdade que a ministra Esther Dweck, da Gestão e Inovação, não tem falado sobre a greve das universidades, que se prolonga “perigosamente” até agora, sem que as partes tenham chegado a um acordo. A ministra tem, sim, se pronunciado, mas seu posicionamento, na visão dos grevistas, tem sido na contramão dos interesses de uma categoria que lutou bravamente contra Bolsonaro, pela manutenção das verbas destinadas ao setor, tão caro ao atual governo. A categoria foi decisiva no apoio a Lula contra o fascismo e, não a ouvir neste momento é, no mínimo, um equívoco.
De acordo com o comando de greve, a postura tem sido de endurecimento. Sobre a opinião do ministro da Educação, Camilo Santana, o segmento aguarda notícias. Para o MGI, esse encontro de hoje teria como objetivo selar o fim da greve. Para o movimento, é mais uma etapa do diálogo.
Ao exemplificar o que chamam de postura autoritária do MGI, os grevistas trouxeram a público um trecho da nota emitida pelo ministério: “Com relação às notícias que têm sido veiculadas nas redes sociais de algumas entidades, inclusive na imprensa, de que o encontro agendado para o próximo dia 27/05/2024 seria uma reunião de continuidade do processo negocial, esclarecemos que em reunião da mesa realizada no dia 15/05/2024, o governo apresentou a sua proposta final e foi acordado com as entidades representativas dos servidores e servidoras, docentes das universidades públicas federais, que a proposta seria submetida às assembleias da categoria e que o encontro do dia 27/05 seria convocado para assinatura do Termo de Acordo, não restando portanto, margem para recepção de novas contrapropostas”, afirma o texto encaminhado pela Deret/SRT/MGI.
Denise Assis é jornalista e Mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de “Propaganda e cinema a serviço do golpe – 1962/1964” , “Imaculada” e “Claudio Guerra: Matar e Queimar”