“Aí o empresário investe, acreditando no seu negócio e na política econômica, na esperança de que os juros serão mais razoáveis no futuro. Mas, com essa taxa exorbitante, o resultado muitas vezes são empresas endividadas”, aponta o empresário Assis Cavalcante
Confira:
As pessoas pensam que os comerciantes são ricos. Se o somos, é pela graça de Deus. Dormimos tarde, acordamos cedo, pagamos impostos, empregamos, giramos a economia, levamos bem-estar e satisfação ao cliente. Metaforicamente, sentem o perfume que usamos, mas não conhecem as nossas topadas.
A realidade é que nós, empresários, trabalhamos diuturnamente para aperfeiçoar um mercado altamente dinâmico, em qualquer segmento, qualificar as entregas. O comportamento do consumidor é dinâmico, os produtos e a tecnologia idem, obrigando-nos a estar atentos e em constante busca por aperfeiçoamento.
O ser humano é esse constante desafio, considerando seus anseios por vida melhor, salários mais altos e realização pessoal. Por isso, a nossa mão de obra precisa ser especializada. O consumidor está cada vez mais exigente, ávido por preços, prazos e condições especiais. A indústria, a seu turno, cumpre o papel ao pesquisar e colocar o produto no mercado. Nós intermediamos.
O consumidor passa em frente a uma loja e vê o estacionamento lotado. Lá dentro, mercadorias impecáveis, para todas as classes sociais. Poucos sabem que esses produtos pertencem aos fornecedores, e que o capital de giro da empresa vem dos bancos.
Enorme o nosso esforço para, diariamente, peitarmos a taxa de juros do Copom de 15% ao ano, patamar altíssimo, causando desgaste tremendo. O banco é, hoje, o maior credor dos comerciantes. Se uma operação dá retorno, o resultado é fruto direto do trabalho investido, intelectual e braçal.
Que o banco fomente a abertura de uma nova loja ou empresa. Aí o empresário investe, acreditando no seu negócio e na política econômica, na esperança de que os juros serão mais razoáveis no futuro. Mas, com essa taxa exorbitante, o resultado muitas vezes são empresas endividadas, em renegociação com fornecedores ou mesmo a caminho da falência.
Baixar preços para enfrentar a concorrência já não é alternativa viável; a prática acelera a trilha da falência. Está cada vez mais difícil manter um negócio, porquanto o lucro é o sangue da empresa, como o salário é o sangue do trabalhador. O lucro precisa ser preservado. Se for comprometido com descontos excessivos, ele desaparece e, com ele, a empresa degringola.
Assis Cavalcante é presidente da CDL Fortaleza, CEO das Óticas Visão, reitor da Faculdade CDL. Email: assisvisao@yahoo.com.br