“Nasrudin, a esquerda e o assassinato de Charlie Kirk” – Por Barros Alves

Barros Alves é jornalista e poeta

“Quando a mídia trata o assassinato como consequência natural das convicções da vítima, abre caminho para legitimar a lógica autoritária do silenciamento pelo medo”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves

Confira:

Nasrudin é uma personagem situada entre a filosofia popular e o folclore, muito conhecida e admirada no mundo islâmico. O Mullah Nasrudin (ou Nasreddin Hodja, dependendo da tradição) viveu provavelmente na Turquia, no século XIII, e se tornou uma das figuras mais emblemáticas da literatura popular do Oriente Médio, Ásia Central e partes da Europa.

Apresentado como um sábio meio louco e um louco meio sábio, era um homem simples, mas capaz de revelar grandes verdades em parábolas, com humor e ironia.

Existem coletâneas de histórias exemplares que teriam sido por ele criadas ou protagonizadas e aparecem em várias culturas: turca, persa, árabe, grega, judaica e até balcânica. Alguns autores asseguram que Nasrudin era um sufi, praticante do sufismo, ramo místico do Islã. Suas anedotas costumam ter um final surpreendente, misturando humor e sabedoria moral.

Uma delas dá conta de que Nasrudin, conhecido pelo desapego às coisas materiais, saiu de casa para fazer passeio matinal e deixou abertas as portas de sua residência. Quando retornou constatou que ladrões haviam roubado tudo o que ele tinha, que já não era muito. Sem se abalar Nasrudin foi ter com amigos e contou-lhes o ocorrido. Qual não foi a surpresa que teve o filósofo. Uns puseram-se a fazer galhofa de Nasrudin; outros o criticaram pelo desapego aos bens materiais; outros ainda o recriminaram duramente por haver deixado as portas abertas. Nasrudin, muito sabiamente, exclamou: – “Eu esperava que vocês recriminassem o crime que foi cometido contra mim e condenassem a atitude dos ladrões. Mas, vocês inverteram as coisas e estão a me acusar a mim, que sou vítima!!!” Nesse pé, os amigos de Nasrudin acordaram para o erro que cometeram.

A esquerda de um modo geral, e a brasileira em especial, assemelham-se aos amigos de Nasrudin. Com uma agravante. A esquerda brasileira é incapaz de fazer autocrítica. O caso mais icônico do momento em termos de distorção de valores é a forma como militantes esquerdistas, sobretudo nas mídias, abordam o assassinato do jovem norte-americano Charlie Kirk, alvejado quando fazia palestra em uma universidade.

Defensor de postulados à direita do espectro ideológico, Kirk, o assassinado cruelmente, a vítima do extremismo da esquerda, é sempre tratado como se fosse o culpado de sua própria morte. Artigos, comentários e mesmo notícias que abordam o assassinato de Kirk, trazem sempre um inexplicável MAS… Isso quando não aplaudem o assassino, como foram os casos de dois psicopatas esquerdistas: o historiador Eduardo Bueno, o Peninha; e o médico pernambucano Ricardo Jorge Vasconcelos Barbosa. Ambos podem ser incluídos no mesmo grau de psicopatia do assassino. São mentes perigosas, para lembrar o titulo de um livro pertinente a esses males. Tem mais: aqueles que se insurgem contra essas distorções de valores é que são vítimas da tentativa da esquerda de criminalizá-los. Agora mesmo o PSOL acionou o Ministério Público do Trabalho com o fim de processar o deputado Nikolas Ferreira por ele ter iniciado uma campanha estimulando empresas a demitir quem celebrou o assassinato de Charlie Kirk. Ora, conviver com quem aplaude um assassinato é conviver com um doente mental, com um psicopata.

É importante insistir no fato de que o assassinato de Charles Kirk não deveria admitir relativizações. Trata-se de um crime e ponto final. No entanto, parte da cobertura e dos comentários em redes e veículos de comunicação insistiu em inverter os papéis: ao invés de destacar a brutalidade do ato e exigir justiça contra o agressor, optaram por mirar na vítima. Kirk passou a ser “julgado” postumamente, como se suas ideias políticas servissem de atenuante para o homicídio.

Essa distorção de valores é grave. Ao insinuar que o morto de alguma forma “mereceu” o que lhe aconteceu por causa de suas posições, a narrativa midiática acaba criminalizando a vítima e, pior, normalizando a violência política. É como se, em vez de condenar o assassino, se buscasse uma desculpa para ele.

Esse tipo de discurso corrói os fundamentos da democracia. Uma sociedade plural se constrói no debate, na palavra, no confronto de ideias. Quando a mídia trata o assassinato como consequência natural das convicções da vítima, abre caminho para legitimar a lógica autoritária do silenciamento pelo medo.

Não se trata aqui de concordar ou discordar das opiniões de Charles Kirk. Trata-se de um princípio maior, qual seja o de que a vida humana não pode ser relativizada. Aceitar que alguém seja morto por pensar diferente é abrir uma brecha perigosa que amanhã pode alcançar qualquer um de nós.

A tarefa da imprensa deveria ser clara e expressa com firmeza: denunciar o crime, cobrar justiça e defender o direito à vida e à livre expressão. Quando prefere usar a tragédia para ajustar contas ideológicas, deixa de ser farol e se torna cúmplice da escuridão.

Barros Alves é jornalista e poeta

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