“Se pudesse, hoje, voltar a conviver com eles, teria excelentes aulas de vivência e de respeito ao outro e à vida”, aponta o professor e historiador João Teles. Confira:
Grandes seres humanos negros, passaram pela vida da gente, nos orientando, ajudando a formar nossa personalidade, com seus relatos e narrativas. Gente que trabalhou muito, ajudando os nossos pais, enquanto moradores, meeiros, diaristas ou agregados. Gente que deixou muito suor no solo e até parte do corpo, no arame farpado. Pessoas de muita valia, em nossas vida. Aqui, trago um relato, muito pessoal, para ilustrar meu respeito, por essa gente, que muito contribuiu, que tanto construiu, que tanto edificou. As narrativas aqui estão na minha memórias, grudadas, armazenadas:
No meu tempo de meninote (Coreaú), convivi com o sr. Francalino, um senhor, que comia pimentas malaguetas, pra divertir a gente; com Zé Joana, um exímio contador de estórias de caçadores; com Eugênio, filho deste, bom caçador e pescador; Com Zé João e seu pai, João Luzia; com Irena e seu cabelo sempre em desalinho; com Maria Passos, Joana Passos e dona Conceição, amigas de minha mãe; com dona Mariana Paulino, excelente contadora de estórias; com o sr. João Duarte, morador do meu pai, e com suas filhas; tinha uma bonita, que me encantou, durante dias. Com Chico Joaquim e com Antônio Matias, cabra comedor (na mesa) e muito bom de serviço. Devorava eitos de mato alto, sozinho. O sr. Xavier, marido da Conceição, que sempre elogiava a dose de pinga que ganhava (“Fria, doce, especial!). Existia ainda o Caboclo Teles e sua esposa Vilani, que foram moradores do meu pai. E também o velho tapuia, Ananias, trazidos do Norte, pela família Fonteles. Grandes nomes, grandes figuras. Onde estarão eles, agora? Se pudesse, hoje, voltar a conviver com eles, teria excelentes aulas de vivência e de respeito ao outro e à vida!
A todos eles, o meu muito obrigado por tudo o que construíram, para os meus pais e pra mim; para os que já foram para o plano superior, paz e bem; e para os que estão em vida, saúde, paz e amor!
João Teles de Aguiar é professor, historiador e integrante do Projeto Confraria de Leitura