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“Nem todo meme vira voto”

Cleyton Monte é pesquisador e também diretor do Instituto Centec. Foto; Arquivo Pessoal

“Construir a visibilidade pegando carona em tendências virais exige criatividade, sutileza e bom senso”, aponta o pesquisador e cientista político Cleyton Monte.

Confira:

Um fator aproxima as candidaturas majoritárias das grandes cidades cearenses: a busca incessante para se aproximar dos memes. A estratégia é compreensível, uma vez que vivemos uma nova economia da comunicação; com as redes sociais consolidadas como arenas fundamentais para a disputa. Nesse sentido, construir a visibilidade pegando carona em tendências virais exige criatividade, sutileza e bom senso. Um fator com potencial para suavizar a figura de candidatos, mas que pode acarretar uma série de riscos. Se não for equilibrada, a tática da memetização tem potencial para gerar cenários de ridículo político ou mesmo afastar fatias importantes do eleitorado.

As candidaturas mais competitivas costumam ser municiadas por pesquisas diárias que servem de termômetro para os postulantes ao Executivo. São levantamentos que sinalizam dificuldades em grupos de eleitores específicos. A comunicação em rede se tornou uma ferramenta cada vez mais voltada para nichos. Para se aproximar, principalmente do público jovem, várias lideranças políticas, que passaram os últimos anos ostentando uma imagem pública mais séria, resolvem em poucos meses utilizar uma nova linguagem e ferramentas nunca antes apresentadas. A campanha é um empreendimento rápido, com pouco espaço para erros, exigindo uma articulação com cálculo cirúrgico. Tentar colar um discurso ou mesmo um visual que nada tem a ver com a história daquela liderança pode gerar uma percepção de descaracterização e denúncia de artificialidade – fator explorado pelos opositores. Assim, o meme pode se voltar contra o próprio candidato “descolado”. No ciberespaço, uma vez postado, não se tem controle sobre o uso dos materiais disponibilizados. O festival de vídeos que já circulam nas redes oferecem um repertório sobre o que não se deve fazer nas campanhas.

Isso não quer dizer que o meme será evitado. Pelo contrário, esses recursos devem ser incorporados. Contudo, os arquitetos da campanha têm que avaliar com cuidado a diferença entre o simpático e o patético. Ao carregar na tinta, corre-se o risco de passar uma mensagem que aquela liderança se sujeita ao grotesco em busca dos espaços de poder. No mar de memes que inundam as telas diariamente, selecionar os que possam atrair a visibilidade de uma forma moderna e atraente faz diferença.

Cleyton Monte é cientista político, professor universitário, pesquisador, articulista do jornal O POVO e diretor do Centec

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