“O Avanço Silencioso do Vício em Drogas e Seus Impactos Sociais” – Por Bianca Bessa de Aguiar

Bianca Bessa de Aguiar é uiversitária. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “O Avanço Silencioso do Vício em Drogas e Seus Impactos Sociais”, eis artigo de Bianca Bessa de Aguiar, universitária. “O perfil dos usuários é majoritariamente composto por jovens entre 15 e 35 anos com baixa escolaridade e históricos familiares instáveis. Muitos iniciam o uso como forma de escapar de situações de abandono, desemprego ou transtornos psicológicos como ansiedade e depressão”, expõe a articulista.

Confira:

O vício em drogas é um problema crescente de saúde pública que afeta diversos segmentos sociais. No Ceará, este fenômeno tem se mostrado cada vez mais presente, revelando seus impactos não apenas nos índices de violência e saúde, mas também no tecido social das comunidades. A droga, muitas vezes silenciosa em seu avanço, vai minando famílias, relações e oportunidades — tornando urgente uma análise profunda e imparcial da situação.

Segundo dados do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID), o consumo de substâncias ilícitas tem aumentado neste Estado. Crack, cocaína e drogas sintéticas como MDMA figuram entre as mais utilizadas. Cidades como Fortaleza, Juazeiro do Norte e Sobral concentram os maiores números de usuários em situação de vulnerabilidade. O tráfico de entorpecentes é um dos principais impulsionadores da violência urbana no Estado, alimentando disputas entre facções criminosas por território e poder.

O perfil dos usuários é majoritariamente composto por jovens entre 15 e 35 anos com baixa escolaridade e históricos familiares instáveis. Muitos iniciam o uso como forma de escapar de situações de abandono, desemprego ou transtornos psicológicos como ansiedade e depressão. A falta de oportunidades e apoio emocional contribui para que essas pessoas busquem nas substâncias uma espécie de alívio — que rapidamente se transforma em dependência.

A estrutura de atendimento à saúde mental e ao combate ao vício, apesar de existente, ainda encontra sérios desafios. O Ceará conta com Centros de Atenção Psicossocial (CAPS AD) e algumas comunidades terapêuticas, muitas delas conveniadas com o Poder Público. Entretanto, especialistas alertam para a escassez de leitos, a falta de profissionais capacitados e a ausência de um acompanhamento sistemático que garanta a continuidade do tratamento. Isso faz com que muitos usuários desistam da recuperação ou retornem ao ciclo do vício.

Na esfera da segurança pública, as polícias civil e militar realizam constantemente operações de repressão ao tráfico. As apreensões de drogas têm aumentado, mas apenas atacar o fornecimento não resolve o problema se não houver também ações focadas em prevenção e reinserção social. Sem alternativas reais para quem sai do vício ou da criminalidade, o ciclo tende a se repetir.

A prevenção, sobretudo entre jovens, é ainda insuficiente. Programas educativos em escolas públicas, promovidos por ONGs e instituições governamentais, tentam criar espaços de debate sobre os riscos do uso de drogas. No entanto, muitos educadores enfrentam dificuldades para abordar o tema com profundidade, especialmente quando o consumo está presente no ambiente doméstico. Campanhas de conscientização acabam sendo pontuais e sem continuidade, perdendo a força necessária para alcançar mudanças efetivas.

Diante desse cenário, é evidente que o problema das drogas precisa ser tratado com uma abordagem multidisciplinar, empática e estratégica. Vai muito além de uma questão de segurança: trata-se de uma luta pela dignidade, pela saúde mental e pelo futuro das comunidades afetadas. A resposta exige investimento sério em educação, tratamento adequado, inclusão social e políticas públicas que não apenas combatam o tráfico, mas também acolham os usuários como cidadãos em busca de recuperação e nova chance.

*Bianca Bessa de Aguiar,

Universitária.

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