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“O Brasil, os brasileiros e o momento autoritário”

Plauto de Lima é coronel da reserva da PM e mestre em Planejamento de Políticas Públicas. Foto - Arquivo Pessoal.

Com o título “O Brasil, os brasileiros e o momento autoritário”, eis artigo de Plauto de Lima, oficial da reerva da PM do Ceará e mestre em Planejamento de Políticas Públicas. “Durante o governo Bolsonaro, intelectuais orgânicos bradavam palavras de ordem remetendo a formas de governo totalitárias, banidas após a Segunda Guerra Mundial. Assim, trouxeram à esfera pública expressões como “nazistas” e “fascistas”, sem, no entanto, saber definir tais conceitos”, expõe o articulista.

Confira:

A formação da mentalidade ocidental teve como base a família, alicerçada nos princípios cristãos, que se manifestam em nossos comportamentos interpessoais no lar, nas relações familiares e com pessoas próximas. O respeito, construído pelo exemplo, compõe o corpo social que nos identifica como uma sociedade civilizada. Foi nesse cenário que floresceu a formação do povo brasileiro e a constituição da nossa democracia.

Nos últimos anos, no entanto, propagou-se a ideia de que a nossa democracia estaria ameaçada. Esse discurso ganhou maior frequência quando o país era governado por líderes de direita. Atualmente, com o governo de esquerda, esse discurso tornou-se menos audível. Mas será que estamos vivendo uma ameaça à democracia?

Durante o governo Bolsonaro, intelectuais orgânicos bradavam palavras de ordem remetendo a formas de governo totalitárias, banidas após a Segunda Guerra Mundial. Assim, trouxeram à esfera pública expressões como “nazistas” e “fascistas”, sem, no entanto, saber definir tais conceitos. A adjetivação negativa bastava para a construção de suas narrativas. Seguindo esse movimento, e contraditoriamente simpáticos à única forma de governo totalitário que sobreviveu ao pós-guerra — o comunismo —, esses grupos de esquerda se reciclaram. À tradicional luta de classes, somaram-se a luta de “gêneros” (mulheres versus homens), “sexualidades” (homossexuais versus heterossexuais) e “raças” (negros versus brancos, nordestinos versus sulistas, etc.). Essa divisão social fragmentou o povo brasileiro, mas não destruiu a sua democracia, que permaneceu forte.

No início deste mês de agosto, assisti ao senador Eduardo Girão liderar um grupo de parlamentares em um movimento contra os abusos oriundos do Judiciário brasileiro. A preocupação desses parlamentares é a imposição de uma inusitada forma de governo batizada de “ditadura do Judiciário”. Essa ameaça não é inédita no Brasil, sendo motivo de preocupação anteriormente, manifestada pela célebre frase proferida pelo respeitado senador Ruy Barbosa: “A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer”.

Atualmente, testemunhamos uma imposição vinda dos atores do Judiciário quanto ao uso de algumas expressões. Segundo esses atores, essas expressões ameaçam a nossa democracia. Como resultado, jornalistas são presos ou perseguidos, políticos têm mandatos ameaçados e formadores de opinião têm suas atividades controladas ou desmonetizadas, inviabilizando a difusão de suas opiniões.

Hoje, testemunhamos países como Venezuela e Rússia destruindo suas democracias. Em cada um desses casos, os árbitros do jogo democrático foram trazidos para o lado do governo, proporcionando uma blindagem ao governante, além de utilizar suas armas para atacar e marginalizar os oponentes. Isso, sim, sinaliza a morte da democracia brasileira.

*Plauto de Lima

Oficial da Reserva da Polícia Militar e Mestre em Planejamento de Políticas Públicas

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