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“O cafezinho e a popularidade de Lula”

Cleyton Monte é pesquisador e também diretor do Instituto Centec. Foto; Arquivo Pessoal

Com o título “O cafezinho e a popularidade de Lula”, eis artigo de Cleyton Monte, cientista político, professor universitário, pesquisador e diretor do Instituto Centec. “Enquanto a inflação oficial opera dentro da meta e o governo desenha uma nova reforma ministerial, a carestia do dia a dia segue pressionando os lares brasileiros”, expõe o articulista.

Confira:

O governo Lula enfrenta uma encruzilhada política. A economia brasileira avança em vários indicadores, mas a percepção popular não reflete os dados positivos. A razão principal? O peso do custo de vida no bolso do cidadão comum. Nos últimos meses, o governo celebrou o crescimento acima das previsões, mas a realidade cotidiana não autoriza qualquer euforia. O brasileiro sente no supermercado o impacto da alta nos alimentos – grande vetor de consumo da renda doméstica. Segundo o IPCA de 2024, os preços ficaram 7,7% mais caros em relação a 2023. O vilão da vez é o café – alta de quase 50,35% nos últimos 12 meses. Esse aumento não é um detalhe qualquer. O Brasil, maior produtor mundial do grão, tem no café um símbolo da rotina nacional. E, politicamente, isso importa.

Enquanto a inflação oficial opera dentro da meta e o governo desenha uma nova reforma ministerial, a carestia do dia a dia segue pressionando os lares brasileiros. A valorização recente do real não foi suficiente para aliviar o custo de importação de insumos essenciais, e o clima adverso reduziu a oferta de produtos agrícolas. No fim das contas, o trabalhador ganha pouco e gasta muito. O custo de vida se impõe como um filtro implacável na avaliação política – impacto sentido principalmente entre as famílias mais pobres. Esse sentimento (junto a outros fatores) já reflete nas pesquisas. Em janeiro de 2025, a taxa de desaprovação do presidente se aproximou dos 52% (AtlasIntel). Sinal claro de alerta. O desafio do governo é transformar crescimento econômico em melhora perceptível para a população.

O desemprego caiu para 6,1%, o menor nível em uma década, mas de que adianta mais empregos se o salário mínimo tem poder de compra limitado? Para Lula, o risco não está apenas na inflação oficial, mas na inflação psicológica – aquele sentimento coletivo de que o dinheiro já não rende como antes.  E quando até o café da manhã pesa no orçamento, a insatisfação se espalha como um aroma amargo pela sociedade. Se quiser reverter a curva da popularidade, o governo precisará mais do que boas estatísticas. Será preciso enfrentar a carestia com medidas concretas, conter a pressão sobre os preços e devolver à população a sensação de que o Brasil não cresce apenas nos números, mas também no prato e na xícara do trabalhador.

*Cleyton Monte

Cientista político, professor universitário, pesquisador e diretor do Instituto Centec.

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Uma resposta

  1. As enchentes no Rio Grande do Sul causou grande impacto na produção de vários produtos carne, arroz ,soja e feijão. O café a grande exportação para os Estados Unidos .

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