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“O caso Havaianas e a vergonha alheia sem limites” – Por Valdélio Muniz

Valdélio Muniz é jornalista. Foto: Divulgação

“A publicidade das Havaianas entra para a história da propaganda como ‘case’ de sucesso, a ser discutida doravante por muitos acadêmicos da área”, aponta o jornalista Valdélio Muniz

Confira:

Fim de ano chegando e quando a gente pensa que 2026 já havia entregue muito mais do que o prometido em termos de vergonha alheia (fuga de “patriota” para tramar contra o Brasil direto dos Estados Unidos, apreensão de R$ 420 mil “esquecidos” num apartamento por um falante/falacioso deputado “liberal”, lançamento de candidatura assumidamente “precificada” e tantas outras asneiras), eis que as redes sociais se veem repletas de uma onda de reações que, de tão estúpidas, muito mais do que mera resposta ao comercial das Havaianas, expõem um atestado de insanidade coletiva.

Como se não bastasse um texto primoroso, simples, claro, direto como deve ter toda propaganda bem produzida e uma atuação convincente da atriz escolhida, talentosa em tudo que faz, o comercial pretensamente “polêmico” foi brilhante também como isca ao expor sem nenhuma dificuldade o alto grau de déficit cognitivo dos seus “opositores” (parte deles, claro, reagindo espontaneamente pela dificuldade de entendimento e outra parte mais uma vez manipulada para gerar cortina de fumaça a problemas mais graves e atuais que preocupam e ameaçam os seus líderes “mitológicos”).

A publicidade das Havaianas entra para a história da propaganda como “case” de sucesso, a ser discutida doravante por muitos acadêmicos da área. Deve virar, certamente, tema de trabalho de conclusão de curso (TCC). Mas, não apenas nesta área de formação! Deve se tornar também objeto de reflexão profunda por outras ciências como a Psicologia, a Psiquiatria, a Antropologia etc (deixemos, por favor, a zoologia de fora! Os animais não têm culpa de nada).

Para quem acompanha outros tantos atos estapafúrdios, sobretudo a partir do final de 2022 (desde dancinhas que sequer merecem ser chamadas de coreografias até adoração a pneus), fica a impressão de que parte da humanidade caminha realmente ladeira abaixo e o abismo parece ser o limite, se é que há de se pensar mesmo em limites.

De tudo isso, uma lição que se tira também sem grande esforço: a impossibilidade de qualquer debate verdadeiramente racional. Onde faz morada perene a irracionalidade nutrida por ódio e ignorância, qualquer tentativa de diálogo franco, sincero e real se torna desperdício de tempo e todo argumento será sempre insuficiente para desanuviar mentes dominadas por rancores e ressentimentos.

O lado inegavelmente triste desta história é que todos(as) nós, invariavelmente, temos algum parente, amigo, conhecido ou pessoa (ainda que não tão próxima), por quem nutrimos (ou nutríamos) alguma estima, mas que se deixou seduzir (aderir) aos apelos desta seita que não é política tampouco religiosa, no que poderia existir de bom sentido.

No mais, agradecido pela leitura atenta deste e dos outros escritos aqui publicados ao longo de 2025, resta desejar, sinceramente, que entremos em 2026 com os dois pés (se fosse para entrar apenas com um não teríamos nascido com dois!), buscando sempre, na medida do possível, e de fato, depender menos da sorte. Um ano novo de muitas vitórias, saúde, paz e felicidades!

Valdélio Muniz é jornalista, analista judiciário, professor de Direito e Processo do Trabalho, membro do Grupo de Estudos em Direito do Trabalho (Grupe) da UFC

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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