Com o título “O Centro de Inteligência Artificial do Nordeste”, eis artigo de Flamínio Araripe, jornalista e pesquisador. Ele aborda ação importante que conta com o apoio do Consórcio Nordeste.
Confira:
Cinco aplicações de Inteligência Artificial para resolver problemas reais em setores prioritários dos governos nos oito estados do Nordeste deverão ser desenvolvidas num prazo de cinco meses nas áreas de saúde, educação, agricultura, segurança pública e gestão pública, definidas como prioritárias. A meta foi definida no lançamento do Centro de Inteligência Artificial do Nordeste (CIAN), ocorrido na Assembleia Geral Ordinária do Consórcio Nordeste, formado pelos governadores da Região, no início do mês (dia 1), em Teresina.
O projeto adota como parceiro tecnológico a Huawei, multinacional chinesa. O CIAN é uma parceria do Consórcio dos governadores, Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) e Huawei. O CIAN surge alinhado com o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), com vigência até 2029, foco em ações de ampliação da infraestrutura, capacitação, serviços públicos, inovação e governança.
O organismo tem como propósito acelerar a inovação em IA na região, com objetivo de capacitar e qualificar profissionais para acelerar o desenvolvimento socioeconômico regional. São também objetivos do CIAN desenvolver aplicações de Inteligência Artificial para resolver problemas reais em setores prioritários; promover transferência de conhecimento entre Brasil e China e fortalecer o ecossistema regional de Inovação.
Alguns passos importantes já foram dados, no desenvolvimento institucional do CIAN, com o engajamento entre Instituições, a exemplo da mobilização e colaboração, no âmbito do governo federal da Casa Civil, Ministério da Gestão e da Inovação (MGI), Dataprev, Consórcio do Nordeste, e das Universidades Federais – UFC, UFRN, UFPB, UFPD – e a Huawei.
Desafios regionais
No lançamento do CIAN, feito por ocasião da Assembleia do Consórcio Nordeste, foram anunciados cinco Produtos Mínimos Viáveis (PMV) a serem desenvolvidos de modo acelerado até abril de 2026. Os cinco MVPs, a serem desenvolvidos em tempo recorde, representam um marco na aplicação prática da IA para desafios regionais.
O primeiro produto, focado em gestão pública, é um chatbot inteligente que realiza buscas contextuais em editais de licitação, acelerando análises, reduzindo retrabalho e aprimorando decisões transparentes. Já o segundo, voltado à agricultura, utiliza visão computacional em imagens de satélite para detectar eventos críticos como queimadas, priorizando inspeções e fortalecendo a governança ambiental em uma região vulnerável ao desmatamento.
Na educação, o terceiro MVP cria um assistente de qualificação profissional via chatbot, que analisa perfis individuais e recomenda cursos alinhados às demandas do mercado local, combatendo a baixa empregabilidade e otimizando recursos públicos – um problema crônico no Nordeste, onde a oferta de capacitação muitas vezes ignora necessidades setoriais específicas.
Para a saúde, o quarto MVP desenvolve uma carteira digital de registros médicos, permitindo que pacientes gerenciem exames e receitas com segurança, facilitando compartilhamentos com profissionais via chatbot e integrando-se ao ecossistema “Meu SUS Digital”. Isso aborda a dificuldade de pacientes em organizar históricos médicos, melhorando a eficácia dos atendimentos e reduzindo erros por falta de informação.
Por fim, o quinto MVP, em segurança pública, implementa monitoramento em tempo real de patrimônio público com visão computacional, emitindo alertas automáticos para incidentes e centralizando painéis de controle – uma resposta à fiscalização reativa que gera altos custos e riscos. Esses protótipos, testados em cenários reais, prometem impactos transformadores, como decisões de matrícula em horas ao invés de semanas e ações preventivas em segundos, com escalabilidade para todos os nove estados.
*Flaminio Araripe
Jornalista e pesquisador.