“Aquela animação no Bloco 22 há de ser uma contradição nas orações por paz e prosperidade”, aponta o jornalista Nicolau Araújo.
Confira:
Procura-se um discurso para conter a legião que acompanha o candidato André Fernandes, a cada agenda de campanha a prefeito de Fortaleza. Do Vila Velha ao Cais do Porto. Da Praia de Iracema ao José Walter. Da Granja Lisboa à Lagoa Redonda. Por onde passa, o Bloco 22 arrasta multidão. E a coisa engrossou neste segundo turno.
Primeiro tentaram tomar-lhe a altivez com “fi do Bolsonaro”. Em seguida com uma discriminante imaturidade e inexperiência. Logo depois veio “o cara” que não respeita as mulheres, cheira uma substância branca e faz saudação nazista. Então, abriram-se as urnas… mais de 40% dos votos válidos.
Com uma diferença desfavorável de 5.87%, cabe ao candidato Evandro Leitão (PT) se reinventar neste segundo turno, em igual processo da descoberta do fogo, da pólvora e da penicilina. Fácil não é!
O processo que deveria ser iniciado pela consciência do problema, começou da pior forma possível com a pesquisa Datafolha. Um empate técnico inexplicável, sem nenhum fenômeno aparente, inclusive com Evandro podendo estar na liderança, pela margem de erro, trouxe mais insegurança ao eleitorado da candidatura do PT do que euforia.
E os erros se sucederam com a vinda de Lula. Não pela presença do presidente, mas pela exibição da deputada Luizianne Lins, como se troféu fosse. Horas antes de sua aparição, Luizianne falou de trauma e violência sofrida. Aplaudida quando de mão erguida com o governador Elmano, muitos a apontaram como candidata ideal no enfrentamento da onda André Fernandes. Sem a legitimidade da candidatura, Luizianne pouco poderá contribuir.
Mas, então, uma voz pensante soou na estratégia de campanha do PT, contra a legião no Bloco 22 de André. E Evandro incluiu na agenda a sua presença em missas, com direito ao 13 estampado no peito na Casa de Deus, ao sugerir uma disputa do céu contra o inferno. Claro! Aquela animação no Bloco 22 há de ser uma contradição nas orações por paz e prosperidade.
A dois domingos para a definição do próximo prefeito de Fortaleza, a nova estratégia tem como principal adversário o tempo. Mas o provável resultado da nova roupagem ideológica de uma batalha do céu contra o inferno, poderá ser apontado pelo poeta do PT raiz:
– E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá, olhando aquele inferno vai abençoar…
Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido