“O cultivo da honestidade na infância” – Por Djalma Pinto

Djalma Pinto é advogado e especialista em Direito Eleitoral. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “O cultivo da honestidade na infância”, eis artigo de Djalma Pinto, advogado, mestre em Ciência Política e autor de diversos livros, entre os quais “Ética na Política”, “Distorções do Poder”, “Educação para a Cidadania” e “Cidade da Juventude”. Para o articulista , tanto “na creche como na pré-escola, os valores da solidariedade, justiça e igualdade devem ser trabalhados”.

Confira:

A importância da honestidade não pode ser negligenciada na educação das crianças. Desde cedo, devem estas compreender a importância de falar a verdade; perceber a distinção entre o certo e o errado; aprender a lidar com as consequências dos seus atos. Empatia, integridade, altruísmo, cooperação e autocontrole tudo isso deve ser estimulado na criança para que, ao crescer, contribua para a harmonia e para a paz na sua coletividade. A desatenção e o descaso para com esses valores, na infância, resultam em desconfiança e agressões praticadas por adultos, que terminam desqualificados para o convívio social.

O cultivo da integridade, naquela fase da vida, é fundamental para o desenvolvimento de um caráter forte e ético. É importante que os pais e os educadores demonstrem honestidade em seus próprios comportamentos, mostrando a importância dessa virtude na vida das pessoas.

A enorme quantidade de políticos e autoridades, nos diversos escalões do Estado, indiciadas, denunciadas e condenadas por diferentes crimes é uma prova incontroversa de que seus pais e educadores não lhes ofereceram exemplos de comportamento honesto ou não procederam com integridade nas suas ações e palavras. O fato inquestionável é que o ensino da honestidade deve fazer parte da grade curricular de todas as escola e universidades do Brasil. Somente com a sua intensa propagação será possível reduzir o nível excessivamente alto de corrupção e qualificar melhor as pessoas para o exercício do mandato político, da magistratura e de outros cargos relevantes no País.

A Revista Congresso em Foco nº 7, de 2013, fez um levantamento e constatou que, naquele ano, 191 deputados e 33 senadores respondiam inquéritos e ações penais no STF. De lá para cá, a situação tem se agravado, envolvendo orçamento secreto, emendas parlamentares, fraudes contra aposentados pelo INSS, apurações pelo CNJ de compra e venda de sentenças no âmbito do Judiciário etc. Tudo isso a comprovar que o estímulo à honestidade tem sido negligenciado nas escolas, universidades e na família, embora seja um valor essencial para a prosperidade do povo
e garantia da paz social.

A pré-escola, por sua vez, conforme os especialistas, consiste em um ambiente de creche mais estruturado, destinado aos primeiros anos de aprendizado da criança. Tanto na creche como na pré-escola, os valores da solidariedade, justiça e igualdade devem ser trabalhados. Captou a Constituição a importância do atendimento em creche e a relevância do ensino fundamental para a evolução da sociedade. Mandou, inclusive, responsabilizar a autoridade competente pela não disponibilização do ensino fundamental ou sua oferta irregular (§ 2º, art. 208, CF). Muitos gestores, infelizmente, ainda não compreenderam a importância da boa qualidade do ensino nos municípios sob sua governança. Contribuem, assim, de forma dolorosa e célere, para o atraso de seus
governados.

A Lei nº 9.394/1996, ao estabelecer as diretrizes e bases da educação nacional, dispõe no § 2º do seu art. 1º: “A educação deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”. Daí a necessidade de a escola qualificar bem os educandos para que não se tornem predadores do dinheiro da população, colocando em xeque o conceito das escolas que frequentaram por não os terem capacitado para o exercício de funções relevantes na sociedade.

*Djalma Pinto

Advogado, mestre em Ciência Política e autor de diversos livros entre os quais “Ética na Política”, “Distorções do Poder”, “Educação para a Cidadania” e “Cidade da Juventude”.

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