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“O derretimento e a hipocrisia do Governo Lula”

João Arruda, professor aposentado da UFC e sociólogo. Foto: Arquivo Pessoal

“A junção de uma política arrecadatória voraz com a irresponsabilidade fiscal inevitavelmente gera um cenário econômico explosivo”, aponta o sociólogo João Arruda

Confira:

O governo Lula parece caminhar, de forma acelerada, para um final melancólico. Após dois anos de extrema inércia, ele iniciou seu terceiro ano enfrentando sua pior crise desde a posse em janeiro de 2023. Todos os indícios apontam para um colapso crescente e irreversível, podendo culminar com um pedido de impeachment, abreviando sua desastrosa administração.

Eleito sem um projeto de governo, sua gestão vem se destacando pela irresponsabilidade fiscal e por uma agressiva política arrecadatória, cujos reflexos são sentidos no aumento da inflação, especialmente dos alimentos, e no crescimento do desemprego.

Essa desastrosa política nos levou ao título, nada honroso, de povo mais tributado do planeta. Em um curto espaço de tempo, foram criados novos tributos, taxas e contribuições, elevando o nosso IVA para quase 28%, um dos maiores do mundo, penalizando a renda, o consumo e a qualidade de vida dos brasileiros. Sem nenhuma contrapartida, a população se vê obrigada a trabalhar cinco meses por ano apenas para pagar impostos, garantindo a orgia de gastos do governo, da primeira-dama Janja e de seus apaniguados.

O mais grave nesses dois anos de gestão é que somos incapazes de citar uma única realização desse governo. Perdido e sem atender às demandas mínimas da sociedade, sua popularidade desaba, e o clamor de indignação dos brasileiros se torna cada vez mais audível. Resta saber até quando a sociedade tolerará o descaso, a incompetência e a corrupção petista. As pesquisas de opinião pública já indicam que a paciência do cidadão comum chegou ao limite.

Talvez Lula e sua equipe não saibam ou prefiram ignorar um princípio básico da economia: a junção de uma política arrecadatória voraz com a irresponsabilidade fiscal inevitavelmente gera um cenário econômico explosivo. Essa combinação compromete a economia, gera inflação, desestimula investimentos, aumenta o desemprego e deteriora o padrão de vida da população. Esse é o triste legado que a administração petista deixará.

Mas precisamos ser francos e realistas. Falar em incompetência, má gestão, crises e corrupção no governo petista é um pleonasmo desnecessário. O presidente, descondenado pela Justiça, carrega um histórico de escândalos, corrupção e irregularidades que continuam a se multiplicar em todas as administrações petistas. Apenas nos primeiros dias de 2025, sua gestão já se envolveu em diversos escândalos e desmandos administrativos, provocando uma irreversível indignação popular. Vejamos alguns exemplos:

Monitoramento do PIX – No primeiro dia de janeiro, entrou em vigor um ato normativo da Receita Federal determinando o monitoramento de todas as movimentações feitas via PIX. Pela norma, brasileiros com transações acima de R$ 5.000,00 mensais teriam que prestar contas ao Fisco. A medida gerou forte revolta entre os mais de 40 milhões de microempreendedores, pequenos comerciantes e cidadãos de baixa renda que dependem desse meio de pagamento.

Manipulação do IBGE – Dezenas de funcionários em cargos de chefia no IBGE pediram demissão, acusando o presidente do órgão, Márcio Pochmann, de manipular os índices da inflação e do PIB para melhorar a imagem do governo Lula. A acusação é gravíssima, pois compromete a credibilidade internacional do Brasil e afugenta investidores.

Pedalada fiscal no “Pé-de-Meia” – O TCU suspendeu o programa “Pé-de-Meia”, que já havia sido iniciado e consumido bilhões de reais, por não haver previsão orçamentária, caracterizando crime de responsabilidade fiscal. O ato abre caminho para um pedido de impeachment contra Lula, com mais de 130 parlamentares de oposição já mobilizados.

Crise política, social e ambiental – A inflação, especialmente dos alimentos, continua em alta, agravando a fome e o desespero dos brasileiros. A violência atinge níveis insuportáveis, o sistema de saúde pública entra em colapso com a falta de vacinas contra a dengue, resultando na morte de dezenas de milhares de brasileiros. Enquanto isso, o descaso ambiental já destruiu mais de 30 milhões de hectares da Amazônia, um recorde histórico.

No centro desse furacão tóxico, o governo Lula se vê acuado e impotente para reverter o quadro desesperador criado por sua gestão inconsequente. Tentando desviar a atenção dos brasileiros da crise, Lula e seus marqueteiros, com o apoio e a cumplicidade da grande mídia e da esquerda globalista, criaram uma enorme cortina de fumaça.

Sabendo que um avião com brasileiros deportados pelos Estados Unidos pousaria em Manaus no início da noite de uma sexta-feira e que os deportados chegariam algemados e com correntes nos tornozelos, o governo montou um teatro de denúncia sobre maus-tratos praticados pela administração Trump, alegando indignação com o procedimento, que supostamente fere os direitos humanos dos brasileiros.

O que assistimos foi um grande carnaval de hipocrisia para desviar a atenção da crise. O uso de algemas e correntes nos tornozelos de imigrantes ilegais é um procedimento padrão dos Estados Unidos desde 1980, adotado por dois motivos: primeiro, para proteger a pessoa sob custódia, evitando autolesões ou atos extremos; segundo, para garantir a segurança dos agentes e do próprio voo.

No entanto, a narrativa petista se mostrou intrinsecamente inconsistente. Apenas nos dois anos da atual administração, utilizando o mesmo procedimento, entraram algemados e com correntes nos tornozelos, em 33 voos, quase 3.600 brasileiros deportados dos EUA sem qualquer protesto do governo. Por que, somente agora, na gestão Trump, os “humanistas indignados” petistas resolveram se escandalizar com um procedimento padrão adotado há mais de 40 anos?

Repetindo o que já disse, tudo não passou de uma tentativa vã de desviar a atenção dos brasileiros da profunda crise política provocada pela incompetência do governo petista. Felizmente, prevaleceu o bom senso e a hipocrisia petista flopou.

João Arruda é sociólogo e professor aposentado da UFC

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Ver comentários (4)

  • Maravilhoso!
    Uma análise sucinta e fiel a realidade deste desgoverno.
    Graças a Deus temos pessoas com cultura e inteligência emocional para escrever artigos como este.
    Parabéns
    Juntos lutando por nossa liberdade

  • Análise profunda, segura, correta do professor João Arruda, porque desvestida de ingenuidade, de devaneios que ainda povoa a mente de alguns analistas políticos, sociólogos e outras personalidades do cenário acadêmico universiOtário. O governo tem morte anunciada. Está se auto-asfixiando com a corda da desídia e da incompetência.

  • O excelente texto do João Arruda apresenta uma análise contundente e bem estruturada sobre a atual conjuntura política e econômica do governo Lula!! leitura muito fluida e informativa!! Muito bom!!

  • Ótimo dia aos amigos Eliomar de Lima e Nicolau Araújo.

    O meu amigo e professor universitário, João Arruda, tem um estilo de debate público bem específico de crítica ao presidente Lula (PT). Numa espécie de intelectual antipetista.

    O presidente Lula assisti o cansaço do seu eleitorado menos ideológico e mais pragmático no campo econômico. Há uma crise de liderança no lulopetismo, contudo, a sua dimensão é medida pelo silêncio da intelectualidade petista.

    Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo e consultor político

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