Com o título “O Enem e a leitura”, eis artigo de Gilson Barbosa, jornalista e pesquisador. Ele aborda o Enem, com especial atenção para a prova deredação.
Confira:
Os recentes resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no tocante à prova de Redação, chamam-nos a atenção por vários aspectos. Infelizmente, entre 3,2 milhões de estudantes que dele participaram, apenas doze atingiram a nota máxima na citada prova, que versou sobre o tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, aparentemente até fácil de ser desenvolvido. O número de notas máximas foi o menor dos últimos dez anos e, além do Distrito Federal, apenas nove Estados – entre eles, o Ceará – tiveram representantes que atingiram a nota mil. No caso cearense – que registrou um total de 663 alunos aprovados com notas entre 950 e 1000 na Redação, o maior do país, por sinal! – , o professor Elivando Rodrigues Moreira, de 23 anos, egresso da rede pública municipal de Jaguaribe, foi o único inscrito a alcançar a nota máxima.Ele concluiu o Ensino Médio e enveredou pela área de linguagens, terminando o curso de Letras a distância, durante a pandemia, na Universidade Federal do Ceará (UFC). O professor cearense destacou a importância da leitura como elemento fundamental para a boa nota atingida, como foi, aliás, o caso do único maranhense que alcançou também a nota mil, Danilo Oliveira Batista. Ao ser entrevistado, declarou que lê muito e que realmente gosta de redação.
De todas as respostas dadas por esses afortunados aprovados no Enem que atingiram a nota mil, o ponto comum ressaltado foi o do exercício da leitura como meio essencial para o atingimento do objetivo. Depreende-se, pois, que somente com a prática constante de tal hábito, terá naturalmente o aluno condições de alcançar notas mais expressivas, qualificando-o em melhor posição para obter a ansiada vaga na universidade. É inquestionável o valor da leitura não somente para o desempenho no Enem ou qualquer outro certame onde a avaliação do candidato no contexto da escrita esteja presente. O incentivo é, pois, fundamental para que boas redações, bem elaboradas, com coerência na apresentação das ideias atinentes ao tema, surjam da cachola do candidato.
Neste sentido, vemos como salutar a recente lei sancionada pelo presidente Lula, abolindo o uso indiscriminado dos celulares pelos estudantes em sala de aula. Dessa forma, a tendência natural será a de melhor aproveitamento do aluno, dedicando também mais atenção e respeito ao professor que ali está a transmitir conhecimento. Entre outros efeitos, a leitura estimula o raciocínio e o cérebro, melhorando a concentração, a compreensão e a memória. Assim, desenvolve a criatividade, a imaginação e o senso crítico, ampliando a capacidade interpretativa e, diretamente, o vocabulário, alicerces essenciais à feitura de boas redações. Talvez assim tenhamos, ao final deste ano, uma quantidade bem mais numerosa desses “pole positions” na próxima prova de redação do Enem.
Torçamos por isso!
*Gilson Barbosa
Jornalista e pesquisador.