“Não são poucos os jovens casais que abdicam de filhos, mas criam vários pets”, aponta o jornalista Barros Alves.
Confira:
É notório o exagero que há alguns anos se vê quanto ao cuidado dos animais, o que merece uma profunda reflexão das pessoas, notadamente do povo cristã. Não é que eu seja sempre do contra, com vocação para *avocatus diaboli.*
Fui criado em convivência direta com os bichos, feito bicho, lá nos cafundós da minha velha Mombaça. Cevado com leite de jumenta e da cabra Quitó, cujos peitos eu disputava com os cabritinhos dela. Então, a rigor, na prática e não por intermédio de elucubrações filosóficas e teológicas, de animais entendo eu, não alguns bacanas citadinos, baratas de apartamento, que se desvelam na propaganda de cuidados com a bicharia, o que, a rigor, se transformou em negócio da China.
Igualmente G. K. Chesterton, não me alinho com modismos, o que ocorre presentemente em relação ao cuidado com os animais. Também ouso fazer leituras filosóficas e teológicas sobre o assunto, divergentes dos lugares comuns que infestam os meios de comunicação e as mentalidades hodiernas.
Essa coisa de dignificar animais para além da conta que lhes é devida, às vezes até mais do que se deve a humanos, não passa de neopanteísmo, um animismo renascido nos tempos pós-modernosos, claramente anticristãos. E, vestidos de caridade cristã, muitos piedosos vão na onda movidos por sentimento verdadeiramente religioso pelos animais.
Não são poucos os jovens casais que abdicam de filhos, mas criam vários *pets*, com muitos gastos financeiros, dedicação e trabalho redobrado. Desconhecem o mandamento bíblico do “crescei e multiplicai e povoai a Terra.” Com seres humanos, claro.
O desvio da boa ideia inicial de bem tratar animais se presta, inclusive, a aberrações de toda a ordem, com cretinos fundamentos ideológicos. Um dia desses tive uma altercação com uma militonta de direitos dos animais, porque espantei uma dezena de gatos que estavam perturbando locais coletivos do condomínio onde moro. A dita cuja alegou que os bichinhos iam ficar traumatizados. Quer dizer, uma idiotice própria dessas pessoas imbecilizadas pelo “politicamente correto”. Lembre-se que representante de uma das gradas instituições jurídicas do Estado, o Ministério Público, gasta tempo e o dinheiro dos nossos impostos denunciando um ex-presidente da República por ter importunado uma baleia.
Por falar em baleia, remeto o leitor a um texto escrito pela cronista Lya Luft, subordinado ao título “Baleias sim, mas eu prefiro gente”. (EM OUTRAS PALAVRAS-CRÔNICAS, Editora Record, 2006, páginas 37 a 40). A conhecida escritora faz a crítica desses exageros praticados por defensores de animais (alguns pseudo-defensores, politiqueiros picaretas) com firmeza e serenidade. Em determinado pé ela escreve:”Sei que não vão me achar muito simpática. Mas, eu não sou sempre simpática. Aliás, se não gosto de grosseria nem de vulgaridade, também desconfio dos politicamente corretos. Todo fanatismo me assusta.” Neste caso, com prazer, assino embaixo.
Por pertinente, devo observar que o texto escrito pela Lya Luft foi publicado 17 anos antes da pendenga de ambientalistas de araque e do MP contra o Bolsonaro.
Barros Alves é jornalista e poeta
Respostas de 2
Excelente profissional o querido amigo Eliomar de Lima, filho do Sr. Helio aqui na Parquelandia. Um abraço fraterno.
Ler as boas cabeças nos honra e nos orgulha, sempre aprendemos alguma coisa útil e histórica. Viva as grandes cabeças.