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“O homem que só pensava em dinheiro”

Totonho Laprovítera, escritor, arquiteto e artista plástico. Foto: JN

Com o título “O homem que só pensava em dinheiro”, eis conto de Totonho Laprovitera, arquiteto, escritor e artista plástico.

Confira

Canta Falcão que “dinheiro não é tudo, mas é 100%”. Para mim, simplesmente, dinheiro é meio e não fim. Meio de eu ter o suficiente para viver tranquilo e poder oferecer para os meus conforto e oportunidade de conhecimento, na prática da busca da arte dos mais dignos valores da vida. Talvez eu pense desse jeito por valorizar mais o ser do que o ter. Mas lhes asseguro que ter e ser deve ser
bom demais.

A mente de Olegário era o tempo todo voltada para o dinheiro. Desde o momento em que escancarava os olhos ao acordar até o instante em que os apagava para dormir, sua vida era guiada por pensamentos de ganhos financeiros. Para ele, cada conversa e cada oportunidade eram consideradas em termos de lucro potencial.

Olegário media o valor das pessoas pelo tamanho de suas contas bancárias e pela quantidade de posses materiais que exibiam. Bate-papos corriqueiros não despertavam seu interesse, a menos que envolvessem negociações, investimentos ou estratégias para aumentar sua riqueza. Aos seus olhos arregaladamente
vaidosos, mais que um meio de sobrevivência, o dinheiro era o objetivo supremo da existência.

Essa obsessão afetava todas as suas relações. Amigos e familiares volta e meia se sentiam desprezados, pois qualquer expressão de afeto ou simples preocupação era rapidamente obscurecida por discussões sobre ações, imóveis ou empreendimentos lucrativos. Seu permanente foco no dinheiro afastava aqueles
que buscavam vı́nculos mais profundos e autênticos.

Olegário, que só pensava e falava em dinheiro, vivia em um mundo onde tudo tinha um preço, mas pouco valor. As experiências e emoções que não podiam ser quantificadas em termos monetários eram desconsideradas. Sua felicidade estava sempre atrelada ao próximo grande negócio, ao próximo aumento de patrimônio.

Mas, com o tempo, a solidão e a superficialidade de suas interações começaram a pesar. Embora cercado por riqueza material, ele se viu carente de riqueza emocional. O vazio que o dinheiro nã o podia preencher se tornou cada vez mais evidente, revelando que a verdadeira prosperidade vai bem além das cifras e se encontra nas relaçõ es humanas, na realizaçã o pessoal e na capacidade de apreciar
a vida em sua plenitude.

Irremediável, pondo-se a sua vida, Olegário foi ao médico por estar sentindo uma terrı́vel dor de cabeça. Quando o doutor perguntou se tinha tomado algum analgésico, ele respondeu: “Já, mas prefiro investir no mercado financeiro, porque tenho certeza de que o retorno é muito melhor!”

*Totonho Laprovítera

Arquiteto, escritor e artista plástico.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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