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“O inverno e as bonanças trazidas por ele”

João Teles é professor e historiador. Foto: Arquivo Pessoal.

Com o título “O inverno e as bonanças trazidas por ele”, eis mais um artigo de João Teles, professor e historiador e integrante do Projeto Confraria da Leitura. Ele aborda as boas chuvas e suas bênçãos.

Confira:

Com o título “Abastecimento d’Água nas Cidades Sertanejas no Passado”, o autor Benedito Vasconcelos, que é do Museu do Sertão de Mossoró, nos fala da vida do Nordeste, aliás, pode muito bem ser representada, neste texto:

“Os vendedores de água, os jumentos e os burros trabalhavam arduamente, sob o sol forte da região. Ao meio-dia e ao entardecer, os animais eram alimentados com milho, consumindo cerca de quatro litros por dia, e à noite eram soltos em um cercado com pasto e água.”

Uma mostra da realidade (nua e rua do sertão), onde o homem forte, de couro curtido pelo sol, ganha a vida, de forma honesta, mesmo abandonado pelas forças do poder público; em uma vida difícil e desigual.

Sou do tempo dos comboieiros (tropeiros), que também levavam uma vida complicada, varando sertões, apenas com veredas. Assim como os homens da água…
Segue o nosso articulista:

“A água vendida na cidade, era retirada de cacimbas, feitas na areia do leito seco do Rio Acaraú, coletada com uma cuia e colocada nas ancoretas, com a ajuda de um grande funil de zinco. Para encher as pipas, utilizavam-se latas de 18 litros, sendo a água retirada da cacimba e transferida para as latas, que eram então despejadas na boca da pipa, com auxílio de um funil. As rolhas das ancoretas e das pipas eram feitas de madeira, enroladas com tecido grosso para evitar vazamentos.”

Aqui, o autor situa o leitor na Zona Norte do Estado, na região de Sobral; mas essa realidade circundava toda a região, desde Mocambo, Frecheirinha, Coreaú, Tianguá e Viçosa do Ceará.

A vida dura do rurícola, nem sempre acompanhada do refrigério estatal ou do reconhecimento do seu trabalho, como por exemplo, nos preços que ele encontra, no momento de vender sua produção, conseguida em meio à falta d’água ou a escassez dessa.

Quando chega o inverno, como agora, renasce a esperança; a água reaparece e o verde se desenha – de novo – nas matas e tabuleiros. A passarada toma conta das serras e da caatinga e todo o penar, parece sumir das vistas e das mentes do homem sofrido do sertão, sempre tão temente às coisas de Deus. E assim ele segue a vida, até chegar os fins d’água, para recomeçar toda a pendenga, dos tempos de pouco chuva!

*João Teles de Aguiar

Professor e historiador, integrante do Projeto Confraria de Leitura.

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