“Uma mulher, quer sendo primeira dama ou não, tem o direito de ser o que quiser. Até errar, até dizer o que pensa deixando isso bem claro”, aponta o chargista e jornalista Miguel Paiva.
Confira:
A ofensa de Janja ao bilionário Elon Musk foi o assunto dos últimos dias. Não só foi noticiado como foi repetido e mantido no ar por todos os órgãos de imprensa tradicionais ou não. Janja causou, não há dúvida. O que ela disse pode ser analisado de diversas maneiras. Preferi não entrar no mérito. Sendo ela primeira-dama (?) deveria ou não agir daquele modo? Começamos questionando o termo primeira-dama. Será que ela se acha? Porém, o governo Lula se enquadra nesse esquema diplomático. Não há como negar. Milei talvez não se enquadre tanto, mas é obrigado, às vezes, a ceder.
Janja estava num debate e na levada do entusiasmo acabou soltando um fuck you que todos nós gostaríamos de soltar. Valeu Janja.
Tudo bem, e o resto? Janja foi massacrada, serviu de bandeja elementos de críticas para a direita, foi atacadíssima pelos machistas, pelos misóginos e por toda a sociedade “per bene”do país.
Uma mulher não pode se comportar assim, pensaram e gritaram todos eles.
Se fosse um homem, causaria tanto estupor? Se Padilha dissesse isso? Se Felipe Neto dissesse? Se Haddad dissesse? Talvez fossem criticados, mas ao nível de quem é o Musk e quem é o ofensor. No caso da Janja causou uma reação desproporcional. Como ela sempre causa, dando opinião, dançando, amando, beijando, se vestindo, dizendo coisas e sobretudo, emitindo opinião.
Mulher, segundo quase todos, foi feita para ficar calada, discreta. Muitos disseram que preferiam D. Letícia que sabia seu lugar. Típico de quem não aceita as conquistas das mulheres. Nada contra D. Letícia. Era o jeito dela e assim mesmo foi esculhambada pela direita.
Janja não se enquadra nesse tipo. Ela é mais jovem, cheia de ideias, veio de vida própria e gostaria de assim continuar. É casada com o presidente e isso exige um certo comportamento mais diplomático. Tudo bem, concordo, mas ela tem que ter o espaço dela desde que não atrapalhe o presidente. É isso.
Uma mulher, quer sendo primeira dama ou não, tem o direito de ser o que quiser. Até errar, até dizer o que pensa deixando isso bem claro. Ou estamos muito preocupados com o governo Trump e seus componentes? Aliás, antes que eu me esqueça, Fuck you, Musk.
Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia