“O mais rico do Ceará”

Com o titulo “O mais rico do Ceará”, eis artigo de Djalma Pinto, advogado, escritor e mestre em Ciência Política. Ele faz uma homenagem ao advogado José Maria Rios que, do alto dos seus 90 anos, esbanja saúde e ainda corre mais de 3 km uma vez por semana.

Confira:

A cada ano, a Revista Forbes faz uma publicação, informando que pessoas são as mais ricas do mundo e do Brasil. Adota como parâmetro para essa indicação, exclusivamente, os resultados financeiros apresentados pelos escolhidos. A quantidade de dinheiro é, pois, o único parâmetro para formulação da lista. São literalmente desprezados, por serem considerados irrelevantes, o estado de saúde e a capacidade de locomoção dos agraciados.

Na medida, porém, que o tempo passa e aumenta a longevidade das pessoas, o conceito de riqueza exige um alargamento na formulação dos critérios para identificação dos mais abonados. Isso porque os transtornos frequentes do dia a dia, que impactam a vida contemporânea, comprovam ser a saúde o patrimônio mais valioso do ser humano. Afinal, pouco significa para alguém possuir 30 bilhões de dólares, se já não conhece mais números, não sabe o dia da semana e necessita de cuidadores até para se alimentar.

Da infância à decrepitude, as pessoas passam por diferentes situações ao longo de sua permanência na terra. Por isso, o milionário de ontem pode ser o falido de amanhã; o atleta celebrado do presente poderá ser o obeso com pouca mobilidade do futuro, permanecendo apenas nos vídeos as lembranças do que deixou de ser. Em um minuto, uma situação inimaginada pode transformar alguém de um super-homem em um necessitado da ajuda de terceiros para se locomover.

Nesse contexto da realidade, parece razoável incluir, entre os critérios para aferição da riqueza, a idade e a saúde dos selecionados. Afinal, a cada momento, ficamais evidente o pouco aproveitamento da longevidade sem qualidade de vida. É com base nessas ponderações que, em fevereiro do ano de 2025, se sobressai como o mais rico, entre os habitantes do Ceará, o senhor José Maria Rios. Seu portfólio, analisado para essa indicação, não deixa de ser impressionante: tem 90 anos e, uma vez por semana, corre mais de três quilômetros.

A relação dos abonados, a partir desse método de avaliação, fica, obviamente, em aberto, diante da possibilidade de eventual pessoa, com até mais idade, ter melhor performance. Relevante, porém, é a constatação de que, no curso vida, o bom estado físico pode representar riqueza mais valiosa no confronto com o exuberante resultado financeiro.

É verdade que a boa saúde das pessoas, inegavelmente, necessita de recursos para ser preservada. Todavia, como constatou Aristóteles, em Ética a Nicômaco, “não se deve imaginar que o homem precisará de coisas numerosas e importantes para ser feliz, só porque não o é sem os bens exteriores, pois é possível, sem possuir a terra e o mar, realizar ações nobres. Basta possuir os meios exigidos e então será feliz a vida do homem que age segundo a virtude”.

Correr aos 90, revela um acúmulo de paz de espírito, lucidez e vigor. Um privilégio, enfim, acessível aos invejados milionários pela saúde privilegiada, que transitam pela terra. Exercício, sono reparador e nutrição adequada das células, segundo autorizados especialistas, seriam os três pilares básicos para ingresso no rol dos milionários do século XXI.

*Djalma Pinto

Autor de diversos livros entre os quais: Ética na Política, Marketing Política e Sociedade, Infratores no Poder, Direito Eleitoral Anotações e Temas Polêmicos, Distorções do Poder, A Cidade da Juventude, O Direito e o Comprovante Impresso do Voto. É mestre em Ciência Política e advogado.