“O mau exemplo vem da Secretaria de Educação” – Por Barros Alves

Barros Alves é jornalista e poeta

Com o título “O mau exemplo vem da Secretaria de Educação”, eis artigo do jornalista e poeta Barros Alves. “A título de combater o racismo, mas arrimado claramente numa atitude propensa a gerar discórdia e cisão entre etnias, o material pedagógico subordinado ao título ‘Pelo direito de ser e existir’ não passa de estímulo à divisão e ao ódio”, aponta Barros Alves.

Confira:

Faz alguns dias que a deputada estadual Dra. Silvana tem insistindo em reafirmar denúncia de um desvio moral e ético em material escolar, e que consideramos dos mais graves. O despudoramento ocorre sob o pálio da Secretaria de Educação do Ceará. Trata-se de uma ação estupidamente deseducativa, que merece firme repúdio da sociedade, em especial dos pais que têm seus filhos matriculados na escola pública. A título de combater o racismo, mas arrimado claramente numa atitude propensa a gerar discórdia e cisão entre etnias, o material pedagógico subordinado ao título “Pelo direito de ser e existir” não passa de estímulo à divisão e ao ódio, porque fundamentado em falsas premissas histórico-sociológicas, importadas e totalmente desvestidas do caráter mestiço do brasileiro. Aprendi com o sociólogo, antropólogo e político comunista Darcy Ribeiro, que no Brasil, a grande civilização dos trópicos, “ser mestiço é que é bom”. Darcy secunda Gilberto Freyre, luminar da Sociologia. Entre nós, de fato, não há lugar para querelas e desavenças entre brancos, negros, amarelos, indígenas etc. Somos – impõe-se repetir com Darcy – uma civilização de mestiços.

Mas, o verdadeiro crime que se comete nas páginas da “cartilha” distribuída pela Secretaria de Educação do Estado, cujos textos estão postos para discussão em sala de aula, está na letra da música intitulada “Baco Exu do Blues”, um emaranhado de qualidade literária zero, por intermédio do qual deparamo-nos com a confusão mental do compositor e com o claro objetivo de fazer a apologia das drogas e do tráfico delas, ao tempo em que, paradoxalmente, traficantes e usuários são apresentados como vítimas, são o alvo alcançado pela dor causada por uma sociedade que roubou a autoestima da garotada de cor. “Usamos drogas para esconder nossa dor”(…) “Pago dez mil nesse tênis, tô pisando na dor”. Ora, vejam!!! No contexto, só a alta grana recolhida por protagonistas do crime e da socialização da desgraça de indivíduos e famílias destruídos pelo exercício do tráfico de drogas, pode falar em calçado de preço tão exorbitante.

O texto que só uma mente criminosa pode produzir para outros criminosos influenciarem adolescentes, é um lixo. Constatemos em face da linguagem adotada: “Essa roupa é cara, foda-se…”(…) “Esse carro é caro, foda-se…”(…) “Foda, na festa da Vogue teve tanto estilo…” Neste pé, vale observar que a deputada Dra. Silvana lembrou aos seus colegas deputados, em especial aos colegas governistas defensores do desatino, que se tais palavras, que ela na falou, fossem verbalizadas na tribuna da Casa, o parlamentar seria acusado regimentalmente de falta de decoro. Mas, a Secretaria de Educação distribui a imoralidade nas escolas como se estivesse educando nossos filhos.

Enfim, em face dessa ação da Secretaria de Educação do Ceará, somos forçados a depreender que os técnicos e dirigentes da Pasta estão a confundir excremento com textos a serem levados à sala de aula. Grandes nomes da literatura brasileira e cearense, que escrevem com sabedoria e qualidade literária para o público infanto-juvenil, foram olvidados pelos pedagogos da Secretaria de Educação, que preferiram optar pela distribuição dessa cloaca em sala de aula.

Barros Alves é jornalista e poeta

COMPARTILHE:
Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Notícias