O medo da página em branco – Por Mirelle Costa

(Eu e Stênio Gardel, na Bienal Internacional do Livro do Ceará, que aconteceu em abril)
(Eu e Stênio Gardel, na Bienal Internacional do Livro do Ceará, que aconteceu em abril)

Perguntei aos queridos Stênio Gardel e Aline Bei sobre o medo da página em branco, que tanto trava os escritores e aspirantes. Sabe aquela sensação de “Pensei que era só eu que passava por isso”? Stênio Gardel, escritor premiado, autor da obra “A palavra que resta”, me deu um abraço com a sua resposta.

“É difícil a página em branco não ser um problema, mas em algum momento, acaba encontrando o horizonte do escritor. No meu caso, quando precisei mudar o final do meu romance “A palavra que resta” tive uma página em branco, já que o final original foi modificado, então eu acho que, é algo que pode acontecer”, explica Stênio Gardel.

(Eu e Stênio Gardel, na Bienal Internacional do Livro do Ceará, que aconteceu em abril)
(Eu e Stênio Gardel, na Bienal Internacional do Livro do Ceará, que aconteceu em abril)

Transformar chumbo em ouro

Na Bienal do mês passado, a escritora Andrea Del Fuego também abordou a temática. “Geralmente o bloqueio é o da ideia. A escrita é um processo alucinante de um impacto profundo, portanto, é um desperdício não escrever hoje. A insegurança é o cerne da questão. Eu não tenho segurança ao escrever, mas o selvagem e o indizível me seduzem. Nós leitores nem sabemos o que queremos ler e também não há garantia da publicação quando escrevemos. Quando um livro faz sucesso ele é a parte visível do movimento ascendente. O que sobra daquilo que eu gostaria de escrever é a escrita. Escrever de forma trepidante com obstáculos é um exercício absurdo, por isso, escrever é uma experiência artística e inigualável e o valor literário muda com o tempo”, reflete Andrea del fuego, escritora publicada em onze países, autora de nove livros, entre eles “Os Malaquias”, vencedor do Prêmio José Saramago.

(Andrea Del Fuego autografa suas obras na Bienal Internacional do Livro do Ceará)
(Andrea Del Fuego autografa suas obras na Bienal Internacional do Livro do Ceará)

“Eu sempre vi a página em branco como um palco e ele nunca me intimidou, pois eu o vejo como um lugar aquecido, que convoca uma espécie de temperatura, me seduzem e me interessam, não estão em um lugar de medo”, aponta Aline Bei, autora das obras “O Peso do Pássaro Morto” e “A Pequena coreografia do Adeus”, finalista do Prêmio Jabuti, na categoria Romance Literário, e do Prêmio São Paulo de Literatura.

A escritora, que também é atriz, orienta que, para evitar um desgaste desnecessário, é importante escrever algo que já existe em mente. “Eu só vou pra folha quando algo já existe em mim, quando é urgente escrever. Não vou ficar insistindo se o repertório não existir ainda em mim. O livro precisa já estar assentado na minha emoção para eu começar a escrever. O processo de escrita é um processo final”, aponta Aline Bei em entrevista concedida na Biblioteca Estadual do Ceará (BECE), na ocasião do 4 Colóquio organizado pelo equipamento.

(Eu e Aline Bei na Biblioteca Pública do Ceará)
(Eu e Aline Bei na Biblioteca Pública do Ceará)
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