“Lula foi eleito em frente ampla e tentou manter o clube. O resultado é um governo feudal e tenso”, aponta o ornalista Norton Lima Jr.
Confira:
Lula empurra Haddad com a barriga. Há três semanas os doutores discutem na mesa de operações onde cortar o paciente. Lula é contra a cirurgia. Não quer cortar, mas continuar a gastar e gastar mal. Mas o quadro é de rombo nas estatais, no orçamento, inflação, perda de crédito e insegurança jurídica.
Nas agências de risco, que liberam transações de grandes fundos de investimentos, o Brasil continua na série B desde 2015. Haddad chegou a plantar no noticiário uma nota favorável da Moody’s, mas omitiu as notas da Fitch Ratings e a Standard & Poor’s. Vale lembrar que “deterioração fiscal e falta de coesão da equipe ministerial” foram causas do rebaixamento.
Lula foi eleito em frente ampla e tentou manter o clube. O resultado é um governo feudal e tenso. No fogo amigo usam até palavras de Lula contra Lula, como fizeram Luiz Marinho, Lupi, Wellington Dias e Esther Dweck — essa ainda agarrada a um artigo de 2019 contra cortes no delírio desenvolvimentista que culminou com a impopularidade e o impeachment da Dilma.
Desde do começo do ano, os ministros são chamados a revisar gastos, mas nada revisaram, simplesmente porque não sabem mais o que estão a gastar. O ano eleitoral justificou o descontrole. Veja a gastança no PAC Seleções com prefeitos mergulhando em empréstimos como burros n’água.
Lula aguardou o fim do período eleitoral para anunciar os cortes. Não mexerão na Saúde, onde moram as emendas parlamentares. Devem cortar BPC, seguro-desemprego, abono salarial, seguro-defeso, SUS, Fundeb, auxílio-doença, vale gás.
A lama passou do pescoço e chegou ao nariz. Lula não decidirá nada. Caberá a Arthur Lira decidir. E podem mexer no Transporte, por razões Calheiras.
O governo está à reboque da dominância fiscal. Em caso de erro, Geraldo Alckmin receberá um buquê de flores e Lula uma coroa de flores do Kassab, do Tarcísio e do centrão.
Norton Lima Jr é jornalista