“O meu ex-inimigo, agora inimigo de quem não mais gosto, ainda poderá ser meu amigo?”

“O que o senador tanto sinaliza para 2026?”, aponta o jornalista Nicolau Araújo

Confira:

Cid Gomes quase nunca se sai bem com as palavras, mas com os sinais…

É do que se vale o senador pelo PSB do Ceará e ex-governador na reaproximação – de novo – com a deputada federal pelo PT e ex-prefeita Luizianne Lins, em “encontro casual” nesta semana. O registro foi feito pela ex-gestora de Fortaleza em suas redes sociais – Luizianne é ótima com as palavras. Já nos espaços virtuais do senador, nenhum registro. E isso é um sinal, acredite.

O último encontro “ocasional” entre os dois protagonistas da política cearense, nos meados dos anos 2000, foi na pré-campanha à Prefeitura de Fortaleza, no ano passado, quando Luizianne não arredava pé da disputa por prévias no PT com Evandro Leitão. O senador chegou a oferecer à ex-prefeita uma das duas vagas ao Senado em 2026. Como Cid não poderia falar em nome do PT, principalmente com José Guimarães já com o bloco na rua, a vaga por certo seria a do próprio senador. Sim, isso foi mais um sinal.

Aliás, tivesse Luizianne a simpatia do ministro Camilo Santana, Guimarães teria se antecipado a Cid e oferecido a sua “eterna vez”, assim como fez com o próprio Cid Gomes, em 2018 (em troca, eu quero…), e mais recente com Camilo, em 2022 (em troca, eu quero…). Dessa vez, Guimarães afirma que “só para Deus” renunciará à vaga. Sabia nem que o Senhor era pré-candidato… Dá medo só de pensar o que o deputado federal pelo PT do Ceará iria querer em troca.

Mas, o que o senador tanto sinaliza para 2026? É certo que o Senado não é o que Cid Gomes esperava, diante de suas licenças e do pouco protagonismo em meio à constelação. Mesmo na condição de presidente da comissão especial do hidrogênio verde recebeu críticas pelo destaque apresentado a um dispositivo que tratava da produção de hidrogênio nas Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) e ainda pela emenda que criava subsídios para consumidores de eletricidade que produzem H2V, quando a conta cairia para quem já não obteve nenhum benefício. De certo, o mandato foi marcado pela ousadia de Cid em dar aula sobre taxa de juros ao então presidente do Banco Central, Campos Neto, economista com especialização em Finanças, pela Universidade da Califórnia.

Protagonismo, mesmo, Cid Gomes somente alcançou quando governador do Ceará, em ininterruptos oito anos. Mais um mandato e superaria Tasso Jereissati em oito meses, quando o tucano teve que renunciar para concorrer ao seu primeiro mandato de senador. Se cumprir quatro anos, Cid Gomes alcançaria os 12 anos intercalados de Nogueira Accioli, que ainda soma um mês na condição de governador biônico.

Toda aquela arenga com o governador Elmano, quando sobrou para o deputado Fernando Santana, na perda da presidência da Alece, e agora a reaproximação de Luizianne, sempre chateada com Camilo e sem afetos públicos ou nas redes sociais com o amigo Elmano, apontariam Cid para uma disputa ao Palácio da Abolição?

Há de se esperar novos sinais: um encontro casual com Roberto Cláudio, um evento familiar com Ciro…

Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido