“O mundo pode começar por onde a gente quiser” – Por Mirelle Costa

Essa frase eu tive a honra de ouvir pessoalmente do Mailson Furtado, vencedor do Jabuti de 2018, na categoria Poesia e Livro do Ano, na estreia do meu podcast Cafezim com Literatura. Foi aí que eu entendi que estou no caminho certo. Trazer escritores e leitores cearenses que, a partir de seus “mundos” enxerguem um mundo melhor, é o objetivo, ou a missão, desse projeto. No episódio de estreia, trago a grandiosidade do escritor que viu em sua “cidade”, Varjota, um mundo de histórias, reflexões e sentimentos que mereciam ser eternizados em uma obra.

“A literatura é a arte da imensa minoria”.

A frase de Juan Ramón Jiménez, trazida por Mailson no episódio, traz o aconchego necessário sobre quem é meu público nesse podcast. A leitura e a escrita são artes da presença. É preciso estar, no verbo presente mesmo, para consumir e produzir literatura. Aliás, é preciso estar e sentir. Nem todo mundo escolhe estar e nem está preparado pra sentir. E tá tudo bem (assim, bem clichê), mas, com muita humildade, faço o convite a todos que tenham uma pitada de interesse (ou curiosidade) sobre a literatura produzida aqui, Made In Ceará.

“O poeta, assim como o escritor, é o reflexo do seu tempo e lugar”.

Das palavras de Drummond, uma reflexão importante também do nosso Mailson. Eu me cobro tanto. Tenho dificuldade em entender a minha trajetória como escritora e, assim como tantos colegas, pego-me questionando a mim mesma sobre o sentimento de apropriação do ato de escrever e me (re)conhecer escritora. Quando escrevemos, precisamos deixar de lado (um pouquinho) a expectativa que sempre colocamos no leitor. Quando gerado, o livro é seu (escritor/escritora), quando parido, é do mundo, portanto, cada um que se propõe a ler sua obra escrita, dará um significado único, fará um recorte diferente, a partir de sua visão de mundo, também reflexo do seu tempo e lugar.

“Hoje grande parte da minha renda vem da arte”.

Um sonho possível? Mailson Furtado fala sorrindo (igualzinho a todos nós, nordestinos, que encontramos tanta força em uma gargalhada de desabafo). “É uma teima desgraçada”, sim, Mailson, igual Olavo Bilac mesmo, “E trabalha e teima e lima e sofre e sua”, mas você nos inspira a fazer da utopia uma realidade. Hoje escolho celebrar com Mailson a estreia desse podcast que também foi sofrido e sonhado. Nesse espaço de valorização da literatura, vamos reunir leitores, escritores e até não leitores, sim, pois existe até um certo constrangimento em quem admite não ler tanto quanto gostaria. E esse gostaria da frase anterior tem muito, muito valor.Sejam todos muito bem-vindos. O episódio de estreia do podcast Cafezim com Literatura já está no ar no link https://www.youtube.com/watch?v=pRaVq66jvU4.

Prateleira Maria da Penha é inaugurada na Câmara de Fortaleza

A Câmara de Fortaleza deu mais um passo na promoção de políticas de proteção às mulheres da capital. Por meio da Procuradoria Especial da Mulher (PEM), a Biblioteca José de Alencar passou a contar com a Prateleira Maria da Penha, um espaço com obras sobre direitos das mulheres e enfrentamento à violência doméstica. A iniciativa integra a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher. “Trouxemos essa iniciativa para a Câmara Municipal e, em paralelo, aprovamos diversos projetos, como o que amplia a Lei Maria da Penha, no sentido de garantir a transferência de alunos filhos de mulheres vítimas de violência doméstica“, explica a vereadora Professora Adriana Almeida (PT) que liderou a iniciativa.

A cearense Maria da Penha participou da inauguração e doou ao acervo sua autobiografia. “Nessa prateleira, temos muito conhecimento para que a sociedade se conscientize sobre a violência que nós mulheres ainda sofremos. Todos nós, homens e mulheres, temos direito a uma vida sem violência”, desabafa Maria da Penha. “Literatura é uma forma de prevenção também à violência doméstica, que pode ser também moral e psicológica, e antecedem a violência física”, alerta a secretária Municipal da Mulher, Fátima Bandeira.

(Maria da Penha, ativista que inspirou a Lei 11.340/2006)

SERVIÇO

*O espaço é aberto ao público e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, no 2º andar do Anexo da Câmara Municipal de Fortaleza, na Avenida Rogaciano Leite, 1040, bairro Guararapes.

*O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Com mais de 3.500 obras disponíveis para servidores da Casa, o espaço dispõe de área para estudo e recebe doações de livros literários.

*Mais informações pelo telefone (85) 3444-4411.