Com o título “O Nordeste vilipendiado”, eis artyigo de João Teles de Aguiar, professor, historiador e membro da Confrafria de Leitura. “Por que o afastamento de pessoas de festas do gênero se é na diversidade que se dá o aprendizado, notadamente, entre jovens e crianças?”, expõe o articulista.
Confira:
A página Repórter Nordeste (Net) discutiu recentemente, a não, ou a pouca, participação de pessoas ligadas ao Pentecostalismo nas festas juninas/julinas: “O fundamentalismo religioso tenta reconfigurar no Brasil, um país elaborado a partir de projetos de intolerância que grassam em pequenos blocos, mas de maneira contínua, em cada situação cotidiana, e, por isso mesmo, tais ações passam despercebidas. Eles estão multiplicando. Por isso, precisamos conhecer a maneira com estas interferências culturais estão atuando, sobre as novas gerações.”
Por que o afastamento de pessoas de festas do gênero se é na diversidade que se dá o aprendizado, notadamente, entre jovens e crianças?
Segue o texto:
“De modo particular, fazemos um recorte sobre as festas juninas, que, tradicionalmente, se referem aos santos católicos Antônio, João e Pedro. Movimentos culturais nas escolas foram boicotados por muitas famílias evangélicas, impedindo vivências tradicionais dos pequenos por causa da raiz católica das festividades.”
Ora, o diferente é que atrai a curiosidade, o contato diverso anima e acende até a empatia. Esses grupos querem o quê? A antipatia?!
Alguns desses grupos tentam fugir dessas atrações do meio do ano com um arremedo defestas chamado-as de “festa do milho” ou coisa parecida. E justo isso?
E tem politização, também:
“Se não estivéssemos em um contexto político gravemente insuflado pelas distinções separatistas, com ganchos fascistas apoiados na religião, talvez o fato pudesse ser compreendido como isolado. No entanto, vamos percebendo o desmonte das tradições, com o intuito de colocar no lugar referências absolutistas, intolerantes à diversidade, que ainda caracteriza o país.”
Essa constatação do texto nos entristece bastante. Muita gente lutou/luta para que chegássemos até aqui. Para que a tradição se mantivesse. Teve/tem gente que deu/dá a vida para que esses folguedos aconteçam. E aconteçam bem. Chega uma religião ou outra, ou uma ou outra pessoa equivocada, e põe tudo a perder?
Não é bom que isso continue a ocorrer. A diversidade brasileira, nosso caldeamento histórico, precisa ser celebrada, mesmo que nisso sejam notadas diferenças nas diversas visões de mundo.
É Brasil, é nossa pluralidade!
*João Teles de Aguiar
Professor, historiador e integrante do Projeto Confraria de Leitura.