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“O ódio contra Lula é o ódio contra a verdade precisa, irretocável e vergonhosa”

Roberto Maciel é jornalista

“Lula gerou ódio com palavras precisas e irretocáveis”, aponta em artigo o jornalista Roberto Maciel, Confira:

O Brasil parece ter abraçado doce e suavemente, não se sabe se envolvido pela burrice, pela perversidade ou pela política enviesada, a tese de que o Estado de Israel é uma santa instituição vítima de violências exponenciais perpetradas por inimigos do semitismo e do sionismo.

Gente de quem se deveria (ou não!) esperar alguma demonstração técnica e jurídica sobre o que se passa na Palestina, cuja população está sendo integralmente dizimada pelo poderio bélico do governo de Israel, se aproveita de fala do presidente Lula para justificar o assassinato de inocentes civis pelas forças militares sob ordens do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

É o caso do rancoroso e frustrado Arthur Virgílio Neto, diplomata aposentado, ex-ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, ex-senador, ex-deputado federal, três vezes prefeito de Manaus e padrasto de assassino. Virgílio é um tucano que não se conforma pela perda de poder.

Escreveu ele: “Vejo o Brasil queimando sua imagem com todas as democracias do planeta! Israel poderá chegar ao rompimento de relações diplomáticas com nosso país! No exterior, ouvi muito que a diplomacia brasileira era o fato mais desenvolvido do Brasil. Era respeitada e admirada. Hoje, está no fundo do poço. ‘Obra’ do governo Lula!”

E também o alucinado Eduardo Bolsonaro, filho mal-alfabetizado de Jair Bolsonaro: “O que Lula não apenas demonstrou desconhecimento da história, mas principalmente expôs para todo o mundo o ódio em seu coração contra o Estado de Israel. Neste momento seus marketeiros devem estar o aconselhando loucamente para tentar reduzir os danos. Mas não se engane, o Lula de verdade foi aquele que, numa resposta espontânea a uma pergunta, comparou judeus a Hitler para defender terroristas do Hamas”.

O que move o ódio de Arthur Virgílio, Eduardo Bolsonaro e outros protofascistas? Essa fala de Lula em defesa de crianças e mulheres palestinas, de pacientes em hospitais, de velhos, da vida:

“Quando vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar contribuição para a questão humanitária aos palestinos, fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre soldados altamente preparados e mulheres e crianças. Olha, se houve algum erro nessa instituição que apura dinheiro, que se apure quem errou. Mas não suspenda a ajuda humanitária a um povo que está há quantas décadas tentando construir o seu Estado.

É importante lembrar que em 2010 o Brasil foi o 1º país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem que ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

Lula gerou ódio com palavras precisas e irretocáveis.

Sim, o que o Estado de Israel está fazendo contra os palestinos tem o mesmo sentido do que a Alemanha nazista fez contra os judeus. Os está exterminando de modo imparável e com a complacência e cumplicidade de outros países. E é preciso que, em nome da humanidade, se ponha termo a esse genocídio. Lula fez certo e nada importa se desagradou a uns e outros apoiadores de guerra.

A violência contra a Palestina resulta de uma política de governo, como foi o holocausto judeu; apega-se a uma justificativa generalizada (na Alemanha, dizia-se que judeus exploravam economicamente o povo e eram responsáveis pela derrota germânica na Primeiro Guerra Mundial; agora, diz-se que palestinos – não importa se foi o Hamas, ou se foram meninos, meninas e senhoras de idade – mataram e sequestraram judeus na região de Gaza). O alvo é uma etnia, como ocorreu na época de Hitler. A meta é aniquilar essa etnia, como tentou Hitler.

Mas, pelo que falou, Lula foi tornado persona non grata por Israel. Encontrou-se, a partir da declaração do presidente brasileiro, um argumento para afirmar que Israel é “vítima”, que “se defende”, que “reage”. Tudo mentira. O Estado de Israel é um dos mais bem servidos de armas, inclusive nucleares. Tem feito o que sempre quis porque, alegando que os judeus foram subjugados, humilhados e mortos pelos nazistas, ganhou o direito de matar os outros.

Paralelamente, chega-nos a notícia, dada por outro irresponsável, de que está se preparando pedido de impeachment de Lula na Câmara federal. Divulgou Nikolas Ferreira, o midiático deputado mineiro: “Assinado pedido de impeachment do Lula – crime de responsabilidade, segundo a Lei 1079/50. Lei do Impeachment:

Artigo 5º (…) 3 – cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”.

O ódio também fez com que se movimentasse outro reacionário com espaço nas redes sociais, o desempregado Adrilles Jorge – que, num programa da rádio e TV Jovem Pan, fez o gesto nazista de expor a palma da mão direita apontada para cima: “Comparar Israel, o estado do povo judeu, vítima dos terroristas do Hamas, vítima do holocausto nazista, à própria Alemanha nazista, é o ápice da hediondez e da monstruosidade de Lula. Muito se fala da demência de Biden. Lula é um demente moral, consciente da própria imoralidade”. E completou: “A fala asquerosa de Lula promove o preconceito e a perseguição contra o povo judeu no Brasil e no mundo. Lula é um monstro”.

Jair Bolsonaro, incapaz de escrever 140 caracteres, só copiou o que postou no X (ex-Twitter) o genocida Benjamim Nethanyahu, numa homenagem à inutilidade:

בעם היהודי ובזכותה של ישראל להגן עצמה. ההשוואה בין ישראל לשואת הנאצים ולהיטלר היא חציית קו אדום. ישראל נלחמת למען הגנתה והבטחת עתידה עד לניצחון המוחלט והיא עושה זאת תוך שמירה על הדין הבינלאומי. החלטתי עם שר החוץ ישראל כץ לזמן את שגריר ברזיל בישראל לשיחת נזיפה חמורה במיידי.

Cada um desses ataques e estrilos, considerando o estofo moral, ético e intelectual dos que os cometem, nos leva a reforçar: Lula acertou mais uma vez.

Roberto Maciel é jornalista e editor do portal InvestNE (www.portalinvestne.com.br)

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