Categorias: Artigo

“O Paradoxo das Nações e Corporações na Economia Moderna: O Poder das Empresas em meio à Decadência do Estado-Nação” – Por Célio Fernando

Célio Fernando é vice-presidente da Academia Cearense de Economia. Foto: Divulgação

Com om título “O Paradoxo das Nações e Corporações na Economia Moderna: O Poder das Empresas em meio à Decadência do Estado-Nação”, eis artigo de Célio Fernando, vice-presidente da Academia Cearense de Economia. “(…) o paradoxo entre a decadência de uma nação e a ascensão de suas empresas como “novas nações” evidencia uma transformação fundamental na forma como o poder é distribuído na economia global”, expõe o articulista.

Confira:

Na contemporaneidade, um fenômeno surpreendente vem se manifestando com cada vez mais intensidade: enquanto alguns países enfrentam sinais claros de declínio econômico e de instabilidade política, suas maiores empresas continuam a prosperar, liderando inovações e exercendo uma influência que muitas vezes rivaliza com a própria soberania dos Estados. Essa situação revela uma transformação profunda no papel do poder econômico e na compreensão da governança no cenário global.

Tradicionalmente, a força de uma nação era avaliada a partir de sua capacidade de manter uma economia forte, uma estrutura política estável e uma sociedade coesa. Entretanto, o panorama atual apresenta uma realidade paradoxal: países com dificuldades internas, como desaceleração econômica, crises fiscais ou instabilidade política, permanecem como protagonistas globais graças às suas corporações. Essas empresas, sobretudo nos setores de tecnologia, finanças, saúde e consumo, atuam quase como “novas nações-estado”, dotadas de recursos, influência e capacidades que muitas vezes ultrapassam as de países menores. Elas investem em inovação, pesquisa, tecnologia, infraestrutura e mercados internacionais, criando uma espécie de soberania econômica própria, que extrapola as fronteiras do Estado.

Esse fenômeno evidencia uma mudança paradigmática na estrutura do poder. Na economia moderna, o protagonismo deixou de estar exclusivamente concentrado no Estado. Pelo contrário, as corporações transnacionais vêm assumindo um papel central, com força e influência que desafiam a soberania tradicional dos países. Empresas americanas, por exemplo, com sua capacidade de inovação rápida, gestão eficiente e presença global, consolidaram posições de liderança que conferem a elas uma espécie de “soberania” econômica. Elas moldam tendências, influenciam políticas públicas e participam de decisões que impactam o cenário internacional, muitas vezes agindo com autonomia e força ampliada em relação aos Estados em que estão sediadas.

Essa nova configuração traz implicações profundas. A crescente desigualdade de poder entre Estados e corporações se torna evidente, pois, enquanto muitos governos enfrentam dificuldades internas, suas empresas operam com uma liberdade e influência que muitas vezes ultrapassam suas fronteiras. Essa dinâmica desafia e, em muitos casos, enfraquece a soberania nacional, criando um cenário em que o poder econômico das grandes corporações transnacionais se torna um elemento determinante na governança global. A regulação, a responsabilização e a compatibilidade de interesses entre empresas e Estados tornam-se questões complexas, exigindo uma reflexão sobre a adequação das estruturas tradicionais de governança frente a esses atores cada vez mais influentes.

Portanto, o paradoxo entre a decadência de uma nação e a ascensão de suas empresas como “novas nações” evidencia uma transformação fundamental na forma como o poder é distribuído na economia global. A inovação, os recursos e a influência das grandes corporações demonstram que, na atualidade, o poder não está mais restrito às fronteiras do Estado-nação. Pelo contrário, essas empresas desempenham um papel de liderança, moldando o futuro econômico, social e político do mundo. Essa nova realidade exige uma compreensão aprofundada das mudanças em curso, bem como uma reflexão sobre o papel do Estado na era da globalização corporativa, que coloca em xeque as tradicionais noções de soberania e governança.

*Célio Fernando

Vice-presidente da Academia Cearense de Economia e secretário-geral do PSB do Ceará.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais