Categorias: Artigo

“O Paradoxo do Coletivo” – Por Dimas Barreira

Dimas Barreira preside o Sinidiônius. Foto: Divulgação

Com o título “O Paradoxo do Coletivo”, eis artigo de Dimas Barreira, presidente do Sindiônibus. O maior sinal de estupidez humana é a incapacidade de agir coletivamente até quando se sabe o que fazer. É hora de repensar o papel do coletivo, propõe o articulista

Confira:

Vivemos a era da inteligência artificial e da engenharia genética. Somos tecnicamente brilhantes e, paradoxalmente, coletivamente estúpidos.

A Teoria dos Jogos, formulação racional e lógica do comportamento humano, mostra com clareza: quando cada um busca apenas ganho individual, todos perdem. O clássico exemplo do Dilema do Prisioneiro mostra que a lógica egoísta pode ser desastrosa mesmo para o egoísta. O mundo real repete esse roteiro: mudanças climáticas, colapsos urbanos, desigualdade extrema… tudo fruto da crença de que o bem-estar individual pode ignorar o coletivo.

A tendência de perda coletiva é mais do que uma simples “insensibilidade”. Li, há muitos anos, sobre a teoria da Falência do Coletivo, que mostrava bem a cilada: imagine-se dividindo uma conta de restaurante com uma pessoa. Psicologicamente, a conta ainda é parecida com uma conta individual e é provável que se tenha quase a mesma cautela na escolha. Com mais pessoas na divisão, cresce o estímulo a relaxar, ou até pedir mais “só para não ficar no prejuízo”. Intuitivamente, percebemos isso e individualizamos as contas em grupos maiores, pois todos perderiam tentando ganhar. Não por acaso, contas de consumo, como água e energia, não costumam ser rateadas junto com os condomínios.

Acontece que muitas coisas não escapam da cilada, sendo necessário conscientização para evitar que o que é de todos seja tratado como de ninguém. Talvez o maior exemplo desse desafio seja o próprio dinheiro público.

Pode ser que falte não exatamente a inteligência para entender isso, mas a consciência, uma ética refinada através de uma boa cultura. A filosofia africana Ubuntu, que diz “eu sou porque nós somos”, oferece o contraponto que a racionalidade pura pode não perceber: um chamado à consciência de que pertencemos uns aos outros, que só há futuro se ele for comum.

Não podemos confundir liberdade com indiferença, progresso com mero acúmulo, inteligência com astúcia. Assim, mesmo sabendo o que deve ser feito, segue-se rumo à falência coletiva. É como saber voar, mas não onde pousar.

É hora de reposicionar o coletivo no centro da equação. Não como um apelo ingênuo à solidariedade, mas como uma estratégia racional e ética de sobrevivência. Um pacto inteligente entre razão e pertencimento. Precisamos desenvolver a nossa inteligência coletiva para evitar tropeçar na própria genialidade. Assim, talvez possamos merecer o título de espécie inteligente e trocar um futuro caótico pela abundância universal.

*Dimas Barreira

Presidente do Sindiônibus Fortaleza.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais