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“O que Capitão Wagner entende por ‘padrinho’?”

Nicolau Araújo é jornalista

“Na visão simplória do pré-candidato do União Brasil, o presidente Lula apadrinharia a pré-candidatura de Evandro Leitão (PT), mas ‘sumiria’ após o processo eleitoral. Da mesma forma, o ex-presidente Jair Bolsonaro apoiaria a pré-candidatura de André Fernandes (PL) e, também, deixaria o ‘planeta Terra’ depois da apuração das urnas”, aponta o jornalista Nicolau Araújo. Confira:

No jargão policial, “peixe” ou “apadrinhamento” significa alguém que recebe proteção de uma patente superior, como forma de encobrir condutas não condizentes com a postura militar.

A prática ruim no militarismo justificaria o conceito equivocado que Capitão Wagner, pré-candidato a prefeito de Fortaleza pelo União Brasil, tem de “padrinho político”, quando mostra desconhecimento de todo um processo ideológico das demais pré-candidaturas.

Na visão simplória do pré-candidato do União Brasil, o presidente Lula apadrinharia a pré-candidatura de Evandro Leitão (PT), mas “sumiria” após o processo eleitoral. Da mesma forma, o ex-presidente Jair Bolsonaro apoiaria a pré-candidatura de André Fernandes (PL) e, também, deixaria o “planeta Terra” depois da apuração das urnas.

Tendo como dogma o deturpado conceito de “apadrinhamento” como uma troca de ações obscuras, quando o maior se beneficia mais que o menor, Wagner não percebe que na política o apadrinhamento, apoio ou mesmo nas alianças as relações possuem interesses comuns e de igual força. Ou seja, sendo Evandro Leitão prefeito de Fortaleza, a ideologia partidária do PT e da própria esquerda se fortaleceria na quarta maior capital brasileira e na cidade mais densa do país, a ponto de ser importante em disputas à Assembleia Legislativa, Câmara Federal, Senado e Palácio do Planalto. Para tanto, Fortaleza receberia emendas parlamentares do Congresso Nacional e políticas públicas da Presidência da República. Do mesmo modo, ocorrerá com André Fernandes prefeito de Fortaleza, quando valores ideológicos defendidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e da própria direita se fortaleceriam na capital cearense, novamente com o envio de emendas parlamentares do Congresso Nacional e da maior cobrança de deputados federais e senadores da direita por políticas públicas por parte da Presidência da República.

Claro que Fortaleza não deixaria de receber emendas de seus parlamentares, caso Capitão Wagner fosse eleito prefeito. Mas, sem parceria, sem alianças, sem apoio, sem apadrinhamento, sem bandeira ideológica, o montante estaria aquém para uma capital de Estado. Melhor para os municípios do Interior.

Wagner tenta emplacar o discurso que a população de Fortaleza seria o seu único “padrinho”, como se estadista ou populista fosse, a exemplo de Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas e na versão mais recente o próprio Lula. No âmbito regional, Tasso Jereissati, Antônio Carlos Magalhães, José Sarney (no Maranhão) e Leonel Brizola. Não… Capitão Wagner está longe disso, muito longe. Sequer percebe que a população se permite fazer parte das correntes ideológicas, pela sua condição de animal político.

Wagner também não percebe que é resultado de uma corrente ideológica, que tinha como antecessor o então deputado estadual e médico Heitor Férrer, que nunca se atreveu de fato a ocupar um cargo no Executivo, tampouco se valeu como representante da então discreta corrente da direita no Congresso Nacional. E foi essa corrente que apostou em Wagner para a Assembleia Legislativa, em 2014, com o dobro de votos de Heitor, ao identificar o então candidato do PR como seu melhor representante. Heitor já teria sucumbido em 2018, com quase a metade dos votos do último pleito, se Wagner não tivesse disputado cadeira na Câmara Federal, pois André Fernandes chegava com um forte discurso de direita, inclusive mais comprometido que Capitão Wagner. A eleição de outubro próximo mostrará o verdadeiro tamanho de Wagner, em Fortaleza, que se mostra para a direita como uma transição entre Heitor Férrer e André Fernandes.

Mesmo com crítica à condição de padrinho, Capitão Wagner “apadrinhou” a candidatura da esposa Dayany do Capitão, em 2022, à Câmara Federal. Mas Wagner empregou o sentido do jargão policial, diante do interesse unicamente pessoal, quando o maior se beneficia mais que o menor…

Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Ver comentários (2)

  • O Capitão Wagner tá certo. Quem vai governar é o candidato e não o padrinho político. É incrível que para agradar a esquerda o jornalista não tenha discernimento mental para entender que o povo de Fortaleza vota no candidato e não no padrinho político

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