Com o título “O que é a vida?”, eis artigo de Plauto de Lima, coronel da reserva da Polícia Militar do Ceará e mestre em Planejamento em Políticas Públicas.
Confira:
Desde quando o homem começou a explorar o espaço, inicialmente observando pelas lentes de lunetas até se elevar as alturas e atingir o solo lunar, sempre sonhou em encontrar vida extraterrestre. Para os cientistas a descoberta de uma bactéria em outro ambiente planetário pode ser o suficiente para afirmar que há vida além da Terra. Acho isso incrível! A inteligência humana não para de me surpreender. Porém, muitas vezes essa inteligência extrema parece realizar um giro de cento e oitenta graus até atingir a absoluta insensatez.
Quando tratamos sobre a vida gerada no ventre humano, o conceito de existência começa a sofrer um processo de relativização. Os cientistas se dividem entre o momento da concepção e o desenvolvimento do embrião. Desprezam a ideia de que, quando o gameta masculino se une ao feminino, a concepção acontece e a partir daí já existe um ser humano.
No campo legal, os supremos juristas vão além dos cientistas. Entendem que um embrião, com até doze semanas, ainda não é uma vida, e por isso se inclinam para descriminalizar a sua retirada fatal. A palavra vida é recodificada e passa a ser chamada de feto, e mesmo sendo algo bem maior que uma bactéria encontrada nos longínquos planetas, é tido como uma “não vida”. Assim, a consciência ideologicamente cauterizada dos togados permite “lavar suas mãos” diante da morte de um inocente, tal como fez Pôncio Pilatos.
Para os religiosos a vida é o Zoe, vida de Deus. Algo dado gratuitamente para todo ser que respira, a vida biológica. Assim, por meio do sopro divino, criou-se a humanidade do pó da terra, como citou o sábio Salomão: “Então o nosso corpo voltará para o pó da terra, de onde veio, e o nosso espírito voltará para Deus, que o deu”. Por isso, apesar de toda evolução tecnológica, as estruturas mais profundas da mente humana não se alteraram.
Todavia, a ciência não crer na suficiência desse conceito por ser finito, tendo intensificado a busca da imortalidade. Com isso, criou-se no século XX a ciência transumanista, com o objetivo de aprimorar a condição humana por meio do uso da tecnologia, desafiando os limites impostos pela natureza e artificializando a inteligência. Essa fusão do humano com a máquina implanta o pragmatismo relacional e retira a empatia, criando uma espécie pós-humana. Na busca da eternidade, o homem mata o Zoe. Uma perigosíssima transformação do Homo sapiens em Homo deus. Contudo, essa divindade não tem identificação com a do Pai celestial bíblico.
O fato é que a vida, esse pequeno espaço da existência – quando comparado com os extremos infinitos que a cercam, antes do seu surgimento e após o seu fim – não pode ser encarada pelo tempo vivido, nem tampouco pelo tempo restante, mas pelas vidas de outras pessoas que tocamos ao nosso redor. Isso porque o humano é um ser essencialmente relacional e a vida para ser vivida tem que ser compartilhada com outras vidas. Mas, sem perceber, a cada dia, milhões de pessoas decidem dar a seu smartphone o controle de suas vidas, modificando as suas características, uma a uma, até não serem mais humanos e não terem mais vida, apesar de vivos.
*Plauto de Lima
Coronel da reserva da PMCe e mestre em Planejamento de Políticas Públicas.
Ver comentários (2)
Muito boa reflexão, é o que vivemos hoje controlados pelos todo poderosos chefões do poder. E nos escravizando das tecnologias, esquecendo de viver e apreciar o que Deus nos deixou de tão preciosos, Natureza e Vida.
Abraços cmt!
(f. Almeida - 1º Ten QOAPMCE)
Reserva.
Verdade.
Grato.