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“O que é um cachorro?”

Plauto de Lima é coronel da reserva da PM e mestre em Planejamento de Políticas Públicas. Foto - Arquivo Pessoal.

Com o título “O que é um cachorro?”, eis artigo de Plauto de Lima, coronel da reserva da Policia Militar do Ceará e mestre em Planejamento de Políticas Públicas.

Confira:

Sempre gostei de animais. Quando morava com meus pais tinha um cachorro chamado Lubi. Ele era uma mistura de raças que o levava a ser conceituado por “Pé duro” ou “Vira-lata”. O bicho era muito fácil de ser criado. Vivia amarrado no fundo do quintal, onde era alimentado com o que restava das nossas refeições. Se existia ração naquela época eu não sei, mas certamente o Lubi nunca saboreou esse tipo de alimento. Os banhos eram raros. Ele tinha pulga e vez por outra surgiam carrapatos. Ao anoitecer, antes de me deitar, ia até o local onde ele ficava amarrado e o soltava para brincar um pouco antes de iniciar a vigília da casa. Nunca o levei para um veterinário. O Lubi viveu mais de uma década. Era um animal dócil, divertido e saudável.

Quando me casei tive dificuldade em ter um animal em casa. Minha esposa não simpatiza muito com bichos. Isso dificultou a adoção de um animal doméstico. Mesmo após o nascimento das crianças, ela não cedeu ao apelo deles. Ainda consegui introduzir um aquário com alguns peixinhos japoneses, mas não avancei além disso. Anos depois, após o nosso filho mais velho ter ido estudar em outro estado, restando apenas o mais novo em casa, a convenci de que um cachorrinho iria ser uma boa companhia para o irmão caçula. Deu certo.

Após a pandemia, no ano de 2022, fui até um local que vendia bichos e me engracei com um simpático Maltês, uma espécie bem peluda e de porte pequeno. Antes de me apropriar dele, um médico veterinário veio conversar comigo para passar algumas recomendações. De posse de um cartão de vacinação, disse que deveria seguir rigorosamente toda a sequência de vacinas. Aliás, as primeiras já seriam aplicadas na própria loja. Subi até o seu consultório, todavia, antes de aplicar a vacina, pesou o filhotinho e me deu mais outras recomendações: “Ele só pode sair de casa após três meses e só deve se alimentar com ração para filhotes da sua raça”. Ainda na loja, fui instigado a comprar uma “caminha” para ele dormir e meia dúzia de brinquedos. Tive a sensação de que estava saindo de uma maternidade.

Demos o nome ao cachorrinho de Pikachu. Não, em homenagem ao personagem do desenho animado, mas ao jogador do nosso time de futebol. O Pikachu está conosco há mais de um ano. Faz xixi num tapetinho (as vezes fora dele) e cocô no corredor. Teve uma época que dormiu de fraldas. É banhado semanalmente e tosado, juntamente com a escovação dos seus dentes. Já foi ao shopping e viajou conosco, sem esquecer de colocar o cinto de segurança ao entrar no veículo. É no shopping que geralmente encontra outros semelhantes a ele. Alguns em carrinhos de bebê, calçados ou vestidos com alguma roupinha fashion.

Tem até pessoas que se intitulam pais de Pet. Fazem aniversário dos bichos, com convite, álbum de fotos (que chamam book) e mesa decorada. Realmente, criar um cachorro nos dias de hoje é bem diferente de como criei o velho Lubi. Aliás, chamar cachorro de cachorro é quase uma ofensa. Com o tempo, percebi que crio um Pet.

Vez por outra me pego a pensar nos tempos do Lubi com saudosismo. Não do Lubi, mas do que éramos. Lembro-me do que “profeticamente” disse Eduardo Dusek, ainda nos anos oitenta, na sua canção “Rock da Cachorra”: “Seja mais humano, seja menos canino. Dê guarida pro cachorro e também dê pro menino. Senão um dia desses você vai amanhecer latindo. Troque seu cachorro por uma criança pobre. Sem parentes, sem carinho, sem rango e sem cobre. Deixe na história da sua vida uma notícia nobre”.

*Plauto de Lima

Coronel da reserva da PMCe e mestre em Planejamento de Políticas Públicas.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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