“O que esperar da saúde do brasileiro nos próximos anos, a partir dos futuros profissionais?” – Por Luiz Henrique Campos

Uma questão de ética médica. Foto: Reprodução

Com o título “O que esperar da saúde do brasileiro nos próximos anos, a partir dos futuros profissionais?”, eis a coluna “Fora das 4Linhas”, desta segunda-feira, assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “(…) se hoje, já temos profissionais que negam a importância da vacina ou aceitam receitar medicamentos sem eficácia comprovada, por pura ideologia, o que esperar da nova geração de futuros profissionais médicos no Brasil, que serão responsáveis por conduzir a saúde dos brasileiros nos próximos anos?”, expõe o colunista.

Confira:

O jornalista José Raimundo Costa costumava dizer que quando um jornalista começa a aparecer mais do que o jornal, ou não presta o jornalista, ou não presta o jornal. É claro que a época e os meios eram outros, mas de todo modo, ainda vale a máxima de que existem certas profissões em que o mister exige postura no posicionar-se e vigilância quanto ao tênue limite entre a ética e o fazer laboral. Digo isto, porque com a advento das redes sociais, parece que esse limite passou a ser relativizado.

Poderiam me dizer que a exposição do jornalista é inerente a sua função. Sim, mas até o jornalista como figura pública, deve ter responsabilidade sobre o que diz e faz. Iniciei essa reflexão porque se ao jornalista cabe essa responsabilidade, mais ainda deve-se ter atenção em relação a determinadas profissões, dadas as suas peculiaridades no trato com o ser humano. Infelizmente, esse cuidado parece estar passando ao largo no âmbito da área de saúde em casos que beiram às raias do absurdo, como o que se deu recentemente com duas estudante de medicina em Minas Gerais, expondo nas redes sociais uma paciente transplantada.

O caso das estudantes em Minas Gerais é recente, mas não é único, e abre outra preocupação. Existem atualmente no país, 390 faculdades de medicina, sendo mais de 80% privadas, com vagas nos cursos avaliadas em milhões diante das altas mensalidades. Esse fato, por si, já é complicado, pois o acesso é exclusivo de pessoas abastadas e que com certeza vão em busca desses cursos para ganharem muito dinheiro.

O reflexo desse encontro de contas entre as mensalidades e o desejo do estudante de ganhar bastante dinheiro, pode ser mensurado no resultado da avaliação de qualidade de mais de 300 cursos de medicina em todo o país, divulgado este mês, onde só seis tiraram a nota máxima. A avaliação, feita pelo INEP, Instituto de Estudos e Pesquisas vinculado ao Ministério da Educação, considera o desempenho dos alunos no Enade – exame que é feito no início e no fim da graduação, a percepção sobre o curso, a qualificação dos professores e a estrutura das instituições, como laboratórios, por exemplo.

Diante de tudo isso, se hoje, já temos profissionais que negam a importância da vacina ou aceitam receitar medicamentos sem eficácia comprovada, por pura ideologia, o que esperar da nova geração de futuros profissionais médicos no Brasil, que serão responsáveis por conduzir a saúde dos brasileiros nos próximos anos?

*Luiz Henrique Campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.

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