“O que lasca nas análises é sempre a conjunção coordenativa adversativa “mas””- Por Luiz Henrique Campos

Economia cresceu, mas não apresentaria melhoras para a população.

Como título “O que lasca nas análises é sempre a conjunção coordenativa adversativa “mas””, eis a coluna “Fora das 4 Linhas” assinada, nesta quinta-feira, pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “(…) nunca me esqueci quando alguém me disse que a diferença entre as previsões de analistas econômicos e das cartomantes é que as segundas serão invariavelmente otimistas, enquanto as primeiras projetarão quase sempre o caos, a baixa e o desalento”, expõe o colunista.

Confira:

Já repararam como sempre que são apresentadas as análises dos indicadores econômicos no Brasil, por mais que os números sejam positivos, há sempre um elemento a jogar por terra o viés de alta, introduzindo o risco iminente de a coisa desandar? Refiro-me à conjunção coordenativa adversativa “mas”…, usada para gerar oposição ou contraste entre ideias. Assim, não é incomum lermos que o PIB cresceu, mas…; ou a inflação apresentou queda, mas….e por ai vai.

Não sei se essa propensão ao pessimismo é coisa de analista econômico ou se isso chega como autodefesa para justificar seus próprios erros. Basta ver as projeções do mercado no início do ano para o final de 2025 quanto ao PIB, dólar e inflação. Nesta semana, por exemplo, foi divulgado o crescimento de 0,4% da economia brasileira no segundo trimestre ante o primeiro, mas o destaque ficou por conta da desaceleração da economia, mesmo que o mercado tivesse cravado que o crescimento seria de 0,3%.

Outro ponto a ser ressaltado em relação à ênfase das análises é que os dados são do segundo semestre e a realidade, agora, já é bem outra, quando ali a inflação era um pouco maior e, atualmente, está em queda. E por que faço questão de destacar esse ponto? Porque o crescimento foi puxado principalmente pelo consumo das famílias, que mostrou expansão de 0,5% no período. Ou seja, se com a inflação em alta houve o aumento do consumo das famílias, o que aguardar para os próximos meses com ela em baixa? O que os analistas projetam, todavia, com o tal do “mas…”, é a perspectiva negativa.

Destaco ainda quanto à utilização empoderada da conjunção coordenativa adversativa para desmerecer os resultados internos do desempenho da economia brasileira, no segundo trimestre, que coloca o País na sexta posição, em termos anuais, entre os membros do G20 que já divulgaram o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) para o mesmo período. O Brasil ficou atrás apenas de Índia (6,8%), China (5,2%), Indonésia (5%), Arábia Saudita (3,7%) e Turquia (3,3%).

Por tudo isso, em tom de blague, nunca me esqueci quando alguém me disse que a diferença entre as previsões de analistas econômicos e das cartomantes é que as segundas serão invariavelmente otimistas, enquanto as primeiras projetarão quase sempre o caos, a baixa e o desalento.

*Luiz Henrique campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”.

Luiz Henrique Campos: Formado em jornalismo com especialização em Teoria da Comunicação e da Imagem, ambas pela UFC, trabalhei por mais de 25 anos em redação de jornais, tendo passando por O POVO e Diário do Nordeste, nas editorias de Cidade, Cotidiano, Reportagens Especiais, Politica e Opinião.

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