Nossa vida financeira possui uma forte dependência operacional das instituições bancárias. Mesmo que a nossa ida aos bancos esteja cada vez mais rara, em função do crescimento dos processos digitais, os quais nos colocam à mão as atividades que antes só indo em agências para termos acesso. Resolvemos quase tudo hoje por aplicativos instalados em nossos celulares.
O uso de bancos, é uma necessidade em função do próprio fluxo de capital que, por motivos legais, precisa transitar por uma via formal. Muitos me perguntam, como podemos medir a segurança das instituições bancárias, onde confiam suas reservas financeiras. E por tais questionamentos, falarei hoje, de um dos índices que tem por finalidade justamente, demonstrar ao mercado o nível de segurança operacional das instituições bancárias, o IB (Índice de Basileia).
A origem do IB vem de 1988, desencadeado pelo primeiro Acordo de Capital de Basileia. Tal acordo foi chamado de Basileia I, o qual foi promovido pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basileia, este por sua vez, é ligado à organização internacional BIS (Banco de Compensações Internacionais).
A função básica do BIS é estabelecer uma cooperação relacional entre os Bancos Centrais e agências reguladoras, para se estabelecer um sistema financeiro global mais estável.
A função essencial do Basileia I era parametrizar um padrão mínimo de capital para as instituições financeiras, o qual tem validade internacional.
Já em 2004, foi feita a primeira revisão (Basileia II), buscando promover mais precisão na diluição dos riscos associados aos bancos. Porém em 2008, chegaram a conclusão que os acordos de Basileia I e II, não estavam suficientemente assegurando a redução da alavancagem excessiva dos bancos, e não evitaram a crise financeira que se seguiu, e que deixou à mostra a fragilidade das instituições financeiras daquela época.
Logo, em 2010, foi publicado o Basileia III, o qual é usado até hoje.
Esclarecemos, por tanto, que o Índice de Basileia trata se de um indicador que tem por finalidade mensurar o nível de alavancagem financeira de uma instituição financeira, em particular, dos bancos. O correto é que todo banco mantenha um índice acima do exigido pelo Banco Central.
Alguns indicadores de endividamento, que são normalmente utilizados pelo público em geral, para analisar diversos segmentos da economia, como DÍVIDA LÍQUIDA/ PATRIMÔNIO LÍQUIDO ou DÍVIDA LÍQUIDA/ EBITIDA, não possuem uma importância expressiva, quando resolvemos avaliar empresas do setor bancário.
Podemos perceber que os bancos ficam apartados dos outros segmentos da economia, pelo fato de serem, as dívidas bancárias, parte da operação do banco.
Em outros segmentos, o endividamento é utilizado como base de recursos para investimentos produtivos. Exemplo:
- Uma indústria siderúrgica que deseja ampliar sua planta industrial;
- Empresas locadoras de veículos que desejam renovar sua frota.
Os bancos têm outras finalidades para suas dívidas. A captação de recursos é utilizada, em sua grande parte, para conceder crédito aos seus clientes, que se constitui como sua atividade principal.
Falando uma pouco da estrutura do IB (Índice de Basileia), vamos ver agora qual é a sua fórmula:
IB – Índice de Basileia
PR – Patrimônio de Referência
RWA – Ativos Ponderados pelo Risco
Vejamos que o PR possui em sua composição a soma de dois níveis de capital (Nível I e Nível II) – Tier I e Tier II
Entrando mais no detalhe, vejamos que o Nível I é a composição do Capital Principal e do Capital Complementar.
Entenda-se por Capital Principal, o capital social do banco (Ações ON + PN), bem como suas Reservas de Capital e seus Lucros Acumulados. Esta parte final representa em sua maioria, o patrimônio líquido dos acionistas. O nível de capital mais correto para suportar perdas.
De uma forma bem simplória, quanto maior for o Índice de Basileia, maior será a solidez financeira do banco em questão.
Conforme o Basileia III o índice mínimo recomendado é 8%.
Podemos encontrar facilmente o índice de Basileia de todos os bancos no sistema do Banco Central como podemos ver abaixo:
PRIMEIRO PASSO:
SEGUNDO PASSO:
Estas explicações preliminares, servirão de base para suas pesquisas. Sugiro, para aqueles que têm interesse, acessar o site do Banco Central, a fim de se fazer um passeio tanto sobre o aprofundamento desses conceitos, quanto para visualizar os indicadores dos bancos.
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Mesmo para os leigos em economia, é sempre bom ter informações sobre todo o sistema financeiro.
Interessante como parece mais fácil entender economia quando o conteúdo é passado por quem sabe transferir bem o seu conhecimento.