Faz tempo que não indico obras por aqui.
Trago hoje uma lista quentinha de sugestões de leitura.
Desta vez, só mulheres.
Mulheres indicando mulheres é necessário, sim.
Suzete Nunes, superintendente da Biblioteca Pública do Ceará, a BECE, indica a obra “Quarto de despejo – Diário de uma favelada”, da escritora Carolina Maria de Jesus.
“Uma mulher preta e pobre foi descoberta e a obra tornou-se um clássico da literatura. É um livro que impacta pela verdade. A autora viveu a favela e falou de si. Todos nós precisamos ler para entender o que significa essa realidade, essa desigualdade existente no Brasil. Considero uma leitura obrigatória para quem quer entender melhor a luta das mulheres pela justiça social. A literatura tem o papel de nos fazer entender melhor o mundo e transformar a nossa realidade”.
O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem a este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.
A deputada estadual e secretária Estadual das Mulheres, Lia Ferreira Gomes, indica a obra “Mulheres dominação e política”, da autora Débora Cavalcante.
A obra analisa o desenho da política pública das cotas eleitorais de gênero ao longo de toda a sua existência, expondo os resultados eleitorais das consecutivas modificações legislativas e jurisprudenciais que influenciaram no melhor resultado eleitoral para o cargo de vereadoras em nosso país, com número inédito de candidatas do gênero feminino e mulheres eleitas no ano de 2020. Trata-se, portanto, de uma reflexão atual sobre a busca feminina por um lugar na arena política brasileira, tradicionalmente ocupada por homens. (Fonte: https://loja.editoradialetica.com/).
A vereadora e professora, Adriana Almeida, indica a obra “Querido estudante negro”, da autora Bárbara Karine.
Baseado em situações vivenciadas pela escritora, pesquisadora e ativista Bárbara Carine, Querido estudante negro traz uma troca de cartas entre a protagonista e um amigo, o “querido estudante negro”, que, como ela, é atravessado pelo racismo estrutural e recreativo tipicamente brasileiros. O livro acompanha a trajetória educacional dessa garota, desde a infância até a idade adulta, e todas as experiências que formaram a identidade dela, dentro e fora da sala de aula.
São histórias repletas de tensões sociais e raciais que perpassam temáticas presentes no cotidiano de qualquer pessoa negra brasileira, independentemente de seu poder aquisitivo. Em nenhum momento chegamos a conhecer na íntegra as respostas do jovem a quem as cartas se destinam, mas o que se desenrola dessa interação coloca em xeque os discursos recorrentes sobre meritocracia e superação. (Fonte: Amazon)
A deputada estadual, Larissa Gaspar, indica o livro “Sempre foi sobre nós – Relatos da violência política de gênero no Brasil”, da jornalista, escritora, mestra e doutoranda em políticas públicas, Manuela Dávila.
O livro reúne relatos de mulheres com importante atuação na política brasileira e que sofreram violência durante a campanha eleitoral e o exercício do mandato.
A obra conta com textos de Anielle Franco, Áurea Carolina, Benedita da Silva, Bruna Rodrigues, Daiana Santos, Dilma Rousseff, Duda Salabert, Erika Hilton, Isa Penna, Jandira Feghali, Jô Moraes, Manuela d’Ávila, Maria do Rosário, Marina Silva, Marlise Matos, Sonia Guajajara, Tabata Amaral e Talíria Petrone.
Sempre foi sobre nós é um documento histórico que dá nome ao fenômeno violência política de gênero . É também um convite para que a política seja repensada e para que situações de opressão não sejam mais toleradas. “Quando uma mulher entra na política, muda a mulher. Quando muitas entram, muda a política”, são as palavras da ex-presidenta do Chile, Michelle Bachelet. (Fonte: Amazon)
A secretária de cultura do Ceará, Luisa Cela, indica a obra “A Pediatra”, da escritora Andrea Del Fuego.
Com humor mordaz, o romance de Andréa del Fuego apresenta a história de uma personagem muito peculiar: Cecília, a personagem principal, é uma médica pediatra que não gosta de crianças e vive os dilemas da vida contemporânea em São Paulo.
Uma mulher sem espírito maternal, pouco apreço por crianças e zero paciência para os pais e mães que as acompanham. Porém, a medicina era um caminho natural para ela, que seguiu os passos do pai.
Ela fará, então, um mergulho investigativo na vida das mulheres que seguem o caminho do parto natural e da medicina alternativa, práticas que despreza profundamente. Em paralelo, vive uma relação com um homem casado, de cujo filho ela acompanhou o nascimento como neonatologista. E é esse menino que irá despertar sentimentos nunca antes experimentados pela pediatra. (Fonte: maeliteratura.com)
E você, já leu algum desses?
Qual sua dica de leitura?
Comenta aí!
Eu acabei de reler as duas obras da escritora Aline Bei, “O Peso do Pássaro Morto” (pássaro), agora relançado e “A Pequena Coreografia do Adeus” (pequena), finalista do prêmio Jabuti.
Devorei como um pacote de batata frita consumido em um voo quando se está morrendo de fome.
Como uma bailarina que estende a mão para as estrelas, a escritora toca de forma muito delicada os traumas e dores que, muitas vezes, quando crianças, guardamos apenas para nós. Engraçado é saber o quanto essa criança nos acompanha e reflete quem somos.
Já ouviu falar em queloide? Depois de um corte, um machucado, uma cirurgia ou queimadura, a reação da pele é formar um novo tecido para curar a ferida. O problema é que nem sempre a cicatriz que fica é lisa, fina e discreta. Pode ocorrer um crescimento anormal do tecido na cicatriz, formando o queloide.
Aquilo que machuca e guardamos, quando não curado, fica como ferida que nunca cicatrizou por completo, ou então que o tempo esforçou-se para cauterizar, mas acabou deixando ali uma marca.
Aline Bei e suas obras “O Peso do Pássaro Morto”, agora relançado, e “A Pequena Coreografia do Adeus”.
Respostas de 3
Adorei as indicações!
Minha indicação é o livro da Bell hooks ” Tudo sobre o amor”.
Muito pertinente essa iniciativa
que é o amor, afinal? Será esta uma pergunta tão subjetiva, tão opaca? para bell hooks, quando pulverizamos seu significado, ficamos cada vez mais distantes de entendê-lo. Neste livro, primeiro volume de sua Trilogia do Amor, a autora procura elucidar o que é, de fato, o amor, seja nas relações familiares, românticas e de amizade ou na vivência religiosa. Na contramão do pensamento corrente, que tantas vezes entende o amor como sinal defraqueza e irracionalidade, bell hooks defende que o amor é mais do que um sentimento – é uma ação capaz de transformar a ganância e a obsessão pelo poder que dominam nossa cultura. É através da construção de uma ética amorosa que seremos capazes de edificar uma sociedade verdadeiramente igualitária, fundamentada na justiça e no compromisso com o bem-estar coletivo