Com o título “O retrato dos desafios das pessoas com deficiência no Brasil”, eis artigo de Acrísio Sena, historiador e presidente do Instituto Centec. Uma proposta para boas reflexões. Confira:
Com base em dados recentes (PNAD – 2022), o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania produziu uma verdadeira radiografia da população com deficiência no Brasil, compreendendo essa população de “pessoas com impedimento de longo prazo, de natureza física, intelectual ou sensorial, que convivem com barreiras que dificultam uma vida em igualdade de condições com o restante da sociedade” (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Não estamos falando de um grupo reduzido. São 18,6 milhões de pessoas com deficiência – número equivalente à população do Chile. O mais preocupante. Segundo a pesquisa, estamos diante de homens e mulheres, em sua maioria, com baixíssima instrução (quase 70% dessa população só tem o nível fundamental incompleto) e que registram as menores taxas de participação no mercado de trabalho.
Por isso, devemos repensar a inclusão e a acessibilidade nas escolas brasileiras. Nesse ponto, os dados são desafiadores. Das 178 mil escolas de Educação Básica no país, um terço não tem qualquer recurso de acessibilidade. Falta o básico. Instituições que não contam sequer com rampas. É preciso transformar essa situação excludente. Temos que investir pesado na acessibilidade das escolas, nos projetos de combate ao capacitismo, nos programas de reabilitação e na utilização das tecnologias assistivas.
Essas ações obterão êxito quando colocarmos em prática a qualificação dos profissionais que atuam com esse segmento historicamente excluído. Já temos a visão da realidade. É preciso agora agir e investir em políticas públicas.
*Acrisio Sena
Historiador e presidente do Instituto Centec.