Com o título “O SUS da Educação”,eis artigo de Acrísio Sena, deputado estadual do PT. “Assim como o Sistema Único de Saúde revolucionou o acesso à saúde, o SNE propõe um redesenho estrutural das políticas educacionais. Pela primeira vez, o país terá um modelo que organiza e articula responsabilidades de forma sistêmica, evitando sobreposições e desigualdades que há décadas marcam o cenário educacional brasileiro”, expõe o articulista.
Confira:
O Brasil alcança um marco histórico com a aprovação do Sistema Nacional de Educação (SNE), uma conquista aguardada por quem acredita no poder transformador da escola pública. Chamado de forma simbólica de “SUS da Educação”, o novo sistema busca consolidar um pacto entre União, Estados e Municípios para garantir uma educação universal, integral e de qualidade.
Assim como o Sistema Único de Saúde revolucionou o acesso à saúde, o SNE propõe um redesenho estrutural das políticas educacionais. Pela primeira vez, o país terá um modelo que organiza e articula responsabilidades de forma sistêmica, evitando sobreposições e desigualdades que há décadas marcam o cenário educacional brasileiro.
O SNE representa um novo paradigma: um pacto nacional baseado em metas compartilhadas, instrumentos de avaliação compatíveis e financiamento permanente, alinhado ao novo Plano Nacional de Educação (PNE 2024–2034). Mais que uma estrutura institucional, ele simboliza um compromisso com o futuro, com a juventude e com a superação das injustiças que limitam milhões de estudantes.
Essa conquista, porém, surge em meio a uma revolução tecnológica que transforma a forma de produzir e compartilhar conhecimento. Inteligência artificial, conectividade, plataformas adaptativas e gestão por dados já são realidade em diversos países. No Brasil, entretanto, muitas escolas ainda sofrem com a falta de internet, equipamentos e formação adequada para professores.
A exclusão digital tornou-se uma das faces mais cruéis da desigualdade educacional. Um estudante desconectado está, de fato, desconectado do presente, e sendo deixado para trás pelo futuro. Por isso, o SNE deve ir além da articulação burocrática e incorporar a transformação digital como política pública estratégica. É preciso garantir conectividade, dispositivos, plataformas seguras e capacitação docente contínua para o uso pedagógico das novas tecnologias.
Não se trata de idealizar a tecnologia, mas de colocá-la a serviço da educação. O professor continua sendo o principal agente de transformação, aquele que interpreta o território, acolhe fragilidades e inspira trajetórias.
Debater o SNE é debater o Brasil que queremos ser: um país que encara a educação como investimento estratégico, capaz de formar cidadãos críticos, criativos e solidários. Mais que um novo arranjo legal, o SNE pode inaugurar uma nova cultura educacional, em que a cooperação federativa garanta igualdade de oportunidades e a escola pública se torne o verdadeiro alicerce dos sonhos e do futuro.
*Acrísio Sena
Deputado Estadualdo PT do Ceará.