“Facções armadas espalham medo e violência, revelando falhas na segurança pública e necessidade de ação urgente no Ceará”, aponta o ex-superintendente da Polícia Civil do Ceará, César Wagner. Confira:
O Ceará tem sido assolado por uma onda de violência sem precedentes, onde grupos armados impõem medo e domínio sobre a população através de atos de extrema crueldade. A recente chacina na Praça Clóvis Beviláqua, no Centro de Viçosa do Ceará, que resultou em sete mortos e duas pessoas feridas, é mais um episódio trágico dessa realidade assustadora. Apenas um dia depois, outra barbaridade ocorreu na Rua João Ferreira, no Jardim Violenta, Fortaleza, onde dez pessoas foram baleadas, incluindo crianças e adolescentes. Essas ações refletem a brutalidade desenfreada e a falta de controle sobre a criminalidade na região.
A madrugada de quinta-feira (20) em Viçosa do Ceará se transformou em um cenário de horror quando ocupantes de veículos abriram fogo contra pessoas que comemoravam na praça da matriz. Sete pessoas foram mortas no local, e uma vítima sucumbiu aos ferimentos no hospital. Esse ataque não é um caso isolado, mas parte de uma sequência de violência que tem se tornado cada vez mais comum.
Na noite de sexta-feira (21), Fortaleza viu mais uma vez a face cruel da violência. Na Rua João Ferreira, Jardim Violenta, um tiroteio deixou dez pessoas feridas, incluindo duas crianças, dois adolescentes e uma mulher. O ataque aconteceu ao lado de uma areninha, um espaço que deveria ser dedicado ao lazer e à segurança da comunidade, mas que se tornou palco de uma tragédia. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) agiu prontamente, mas, infelizmente, uma criança e uma mulher não resistiram, enquanto outra criança luta pela vida.
Esses episódios expõem a gravidade da situação de segurança pública no Ceará. A presença ostensiva de grupos armados, que atuam com impunidade, revela uma falha estrutural no combate ao crime organizado. A população, refém do medo, vê seus espaços públicos se transformarem em zonas de guerra, onde a vida é constantemente ameaçada pela violência.
É urgente que as autoridades tomem medidas decisivas para restabelecer a ordem e a segurança no estado. Investimentos em inteligência policial, fortalecimento das forças de segurança e políticas públicas que abordem as raízes sociais da criminalidade são essenciais. Além disso, é imperativo que a justiça seja célere e eficaz na punição dos responsáveis por esses crimes.
A sociedade cearense não pode aceitar que a violência se torne parte do cotidiano. A luta contra o domínio do medo imposto por facções armadas é uma batalha que deve ser travada por todos, exigindo ação firme do governo e apoio incondicional da população. Só assim será possível construir um Ceará onde a paz e a segurança prevaleçam sobre a barbárie.
César Wagner Maia Martins é ex-superintendente da Polícia Civil do Ceará, ex-coordenador-geral da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS), ex-diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ex-diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI) e ex-delegado Titular da Delegacia de Combate ao Narcotráfico. Ex-secretário de Segurança de Aracati. Formado em Direito (Unifor) e especialista em Direito Processual Penal (Unifor). Comunicador, radialista, palestrante e consultor de empresas