“A educação é no Brasil, efetivamente, aquela mercadoria que fica no rodapé da prateleira do supermercado”, aponta o professor da UFC e jornalista Luís Sérgio Santos. Confira:
Toc-toc, aqui é o Brasil e estou aqui para informar que as Universidades públicas no país estão em greve há mais de 30 dias.
Talvez você não saiba sobre isso porque não tem nenhuma repercussão na grande nem na pequena imprensa, a imprensa monopolista que forma opinião e revistas e ativistas acham que fazendo emissões em blogs e em grupos de redes sociais estão dando repercussão à greve.
Os mandatários, os grandes protagonistas (des) política nacional dizem que a greve é um instrumento legítimo de reivindicação. Mas esses mesmos só conseguem atender demandas do Centrão e do Supremo Federal. A educação é no Brasil, efetivamente, aquela mercadoria que fica no rodapé da prateleira do supermercado. Somos um país de analfabetos, de não leitores, de pessoas que se impressionam com a quantidade de negros no Rio Grande do Sul, obviamente aqui um analfabetismo formal, e pessoas que se preocupam muito mais em concentrar a riqueza de um país tão rico quanto o Brasil.
Escândalos incríveis como o das Americanas, não dão em nada. Juridicamente não aconteceu nada, dando a ideia de que realmente nós somos uma república de bananas, uma casa de mãe Joana.
E para piorar, vem essa catástrofe no Rio Grande do Sul, onde dezenas de pessoas morrem, famílias destruídas, e para a alegoria da Imprensa, um cavalo é o herói. Que país surreal. Eu acho que é um país sem jeito, considerando a qualidade desses políticos que estão aí. Gente chinfrim e medíocre, gente pequena, gente para quem os adjetivos se perdem.
Luis Sérgio Santos é jornalista, escritor e professor da UFC – e-mail: luis.santos@ufc.br