“Assim como o rei babilônico, Naumi impõe as suas regras e a sua realidade não somente ao povo de Caucaia, mas também ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas, à Câmara Municipal”, aponta o jornalista Nicolau Araújo
Confira:
A lei de Talião, que originalmente aparece no código babilônico de Hamurabi, há cerca de 3.800 anos, foi resgatada nesta semana pelo prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PSD), que acrescentou o fator financeiro aos artigos de trabalho, família, propriedade, crimes e escravidão. Olho por olho, dente por dente, milhão por milhão…
É que após propagar ter economizado um milhão de reais no repasse da Prefeitura ao programa Bora de Graça, independente da também redução de cerca de 25% da oferta de ônibus à população do município da Região Metropolitana de Fortaleza, Naumi onera Caucaia, em seguida, em um milhão de reais com a criação de 62 novos cargos, com salários que variam de R$ 11,5 mil a R$ 15 mil.
Assim como o rei babilônico, Naumi impõe as suas regras e a sua realidade não somente ao povo de Caucaia, mas também ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas, à Câmara Municipal, além de subjulgar políticos da região, entre esses a deputada estadual Emília Pessoa, silenciada aos desmandos na gestão como se tivesse recebido moedas de prata em troca da crucificação daquele que tudo ou quase tudo entregou à população. Mas isso é uma história para os próximos 1.700 anos…
Com poder absoluto, tendo como refém a filha do presidente da Câmara Municipal, na condição de sua vice, o rei caucaiense avança contra direitos e benefícios de servidores públicos, enquanto nomeia filho, irmã, cunhados, sobrinhos e afins para cargos na gestão. Nepotismo não faz parte do código de Naumi.
Mas até entre os poderosos, há de se encontrar justificativas para tamanhos desmandos. Mesmo que contraditórios, como a suposta dívida deixada pelo ex-gestor, inicialmente estimada em R$ 680 milhões e agora já passando de R$ 1 bilhão. Para tamanho rombo financeiro, o ex-prefeito Vitor Valim não teria como ter deixado o funcionalismo em dia, não teria como ter pagado 39 das 40 prestações do Bora de Graça, além de necessariamente ter contraído empréstimos e financiamentos, o que não foram constatados pela Câmara Municipal.
O que Naumi precisa atentar, diante de tanto poder imperialista, é que há de chegar o momento que não haverá mais como avançar, diante da necessidade de defesa para manter o que foi arrecadado. Foi o que ocorreu nos últimos anos de quatro décadas de reinado do babilônico Hamurabi.
Mas, nas gestões absolutistas atuais, quatro nunca se traduzem em décadas…
Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido