“Enquanto o PSDB e o União Brasil se entregam ao front em uma guerra genuinamente política, o PL segue na retaguarda com interesses próprios”, aponta o jornalista Nicolau Araújo
Confira:
A bandeira da oposição no Ceará, que tremula com as vibrantes cores do PSDB, do União Brasil e do PL, não percebe que a estrutura formada pela primeira vez por lideranças de diferentes correntes ideológicas apresenta fissura que dia a dia se alastra silenciosamente.
Não reparado a tempo, o dano fará ruir qualquer estratégia eleitoral, por se tratar de um dos três pilares da forte estrutura contra o projeto de reeleição do governador Elmano, no caso o PL.
Enquanto o PSDB e o União Brasil se entregam ao front em uma guerra genuinamente política, o PL segue na retaguarda com interesses próprios.
Todas as ações do atual comando do PL no Ceará estão voltadas unicamente para a eleição do pastor Alcides Fernandes ao Senado, já que a natural defesa do bolsonarismo ainda garante ao presidente estadual e deputado federal André Fernandes uma reeleição sem sustos.
Sem uma sintonia ideológica com Ciro Gomes, Roberto Cláudio e Capitão Wagner, quando os dois primeiros seguem como críticos do ex-presidente Jair Bolsonaro e do bolsonarismo, enquanto o terceiro nunca se valeu publicamente do ex-presidente, André Fernandes poderá romper com o grupo de oposição para marchar com candidatura própria do PL ao Palácio da Abolição e definir as duas vagas do partido ao Senado. Certamente, tendo o pai Alcides como prioridade.
A fissura no PL ocorreu com o lançamento da pré-candidatura da vereadora Priscila Costa ao Senado, com apoio irrestrito da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto. Claro, também com o apoio do próprio Jair Bolsonaro, que, com a certeza da corrente bolsonarista de Priscila, estaria disposto a ver uma senadora leal eleita, mesmo com as “más companhias” de seus críticos, em nome de uma guerra genuinamente política.
Os estalos no pilar do PL se revelaram auditivos, depois que Ciro e Roberto Cláudio apontaram a importância da pré-candidatura Priscila Costa, no ato de filiação do ex-prefeito de Fortaleza ao União Brasil, dia 5 último. Os experientes políticos sabem da importância da presença feminina na chapa majoritária, principalmente quando a vice-governadora Jade Romero já trabalha uma pré-campanha a deputada federal, enquanto Luizianne Lins dificilmente conseguirá uma candidatura ao Senado, na chapa da esquerda.
Não é coincidência a ausência de André Fernandes e de seu grupo (Alcides Fernandes, Inspetor Alberto, Marcelo Mendes e Tancredo dos Santos) no ato de filiação de Roberto Cláudio. Também não é coincidência a saída de Priscila no café da oposição, dia 28 último, quando da chegada de André Fernandes. No evento, André foi perguntado sobre a pré-candidatura de Priscila. Com desdém, respondeu que pré-candidaturas podem existir quantos se lançarem.
O que o presidente do PL não aprendeu na escola foram algumas leis da Física, como a da gravitação universal e a da ação e reação, ambas de Isaac Newton. Voltada à política, a primeira diz respeito que aquilo que está em cima sofre uma constante força de queda, quando Newton notabilizou a gravidade. A segunda, ainda no campo político, diz respeito mesmo que toda ação corresponde a uma reação.
André não foi eleito presidente do PL do Ceará, foi colocado por Valdemar Costa Neto, no critério biônico, o mesmo praticado nos anos de chumbo da ditadura militar. E o que é hoje, não é amanhã, caso seja o desejo de Valdemar. O que está em cima, poderá cair, conforme Newton.
A depender da ação de André, o PL nacional poderá vir com reação, conforme ainda Newton. E uma intervenção não está fora dos planos de Valdemar.
Ao fazer jus a uma liderança jovem no Ceará, André Fernandes poderia trabalhar a candidatura de Priscila, com vistas a um acordo para 2028, quando a possível senadora o apoiaria a prefeito de Fortaleza. Não haveria, inclusive, o discurso que André discrimina mulheres, pois teria aberto mão de eleger o pai para apoiar uma mulher.
Caso André insista em seu projeto pessoal, a atuante e aguerrida senadora Priscila por certo seria o nome ideal do PL para concorrer ao Paço Municipal, diante de um improdutivo e renovado mandato de deputado federal.
E essa é mais uma lei de Newton, a Inércia, quando um corpo tem a tendência de resistir a mudanças em seu estado. Digo, Estado…
Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido
