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“Os governos municipais e a transformação digital”

Com o título “Os governos municipais e a transformação digital”, eis artigo de Cleyton Monte, cientista político, professor universitário, pesquisador e diretor do Instituto Centec. “Nesse contexto, o ingresso dos municípios na Era Digital é um terreno fecundo. Não adianta usar o discurso do estimulo à iniciativa privada, se a burocracia pública ainda trabalha no formato analógico”, expõe o articulista.

Confira:

Vivemos um momento marcado pela emergência de novas gestões municipais. O início das administrações vem junto com uma pressão redobrada da sociedade, exigindo serviços públicos mais eficientes, com foco na
resolutividade e antecipação de demandas. Nesse contexto, o ingresso dos municípios na Era Digital é um terreno fecundo. Não adianta usar o discurso do estimulo à iniciativa privada, se a burocracia pública ainda trabalha no formato analógico. Em tempos de avanço da inteligência artificial, não podemos aceitar a ausência do município no mapeamento de demandas locais, monitoramento de políticas e apoio aos arranjos produtivos. O salto digital pode ser impulsionado pelos novos prefeitos.

Experiências de sucesso como o Projeto Conecta Recife demonstram que o município pode ser mais presente no cotidiano da população. Os investimentos no setor apresentam resultados a médio prazo, com atuação na
política de vacinação, telessaúde, matrícula e acompanhamento do desempenho escolar, transporte público, agricultura familiar e ações de assistência social – só para citar os eixos mais notáveis. A linguagem deve ser
simples e articulada com projetos sociais de letramento digital. Várias pesquisas já apontaram para a prevalência do analfabetismo digital em nossa sociedade. Uma multidão de homens e mulheres que têm dificuldades básicas
em processos que vão do envio de emails ao uso de aplicativos. As redes de educação (municipal e estadual) podem ser parceiras na educação digital da juventude, formando multiplicadores comunitários. Contudo, para que esse processo seja efetivo, as novas gestões devem articular a qualificação dos servidores públicos. Um programa (com tecnologia de ponta) desconectado da ação permanente dos servidores é irrelevante.

O modelo pode ser desenhado de acordo com as características de cada município. Os investimentos não são gigantescos. E, diferente do que muitos pensam, não seria preciso recorrer a empresas de outros estados ou países. Temos expertise para coordenar esse movimento. Instituições de renome do porte do Centec, IFCE, UFC, UECE, Sebrae-ce e Iracema Digital trabalham em rede e podem contribuir muito nessa área. São trilhas com
potencial para ressignificar os serviços públicos, tornando a gestão mais presente, transparente e democrática.

*CleytonMonte,

Cientista político, professor universitário, pesquisador e diretor do Instituto Centec.

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