Com o título “Ouvidoria Universitária e a Governança Corporativa”, eis artigo de Irapuan Diniz de Aguiar, advogado e presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Ouvidores (ABO) – Regional Ceará.
Confira:
Durante quase duas décadas fui o Ouvidor do Centro Universitário da Grande Fortaleza – UNIGRANDE, experiência pioneira porquanto foi a primeira IES privada a criar uma Ouvidoria. O aprendizado demonstrou, de maneira inequívoca, ser este órgão um excepcional canal de interação com a comunidade universitária (alunos, professores e funcionários) na ausculta diária e permanente na intermediação de suas demandas junto às instâncias superiores e a prestação de informações e orientações sobre suas dúvidas e inquietações, permitindo acompanhar a qualidade da atividade-fim da instituição, sobretudo em relação à qualidade do serviço efetivamente prestado. De igual modo, ao propiciar o feedback aos órgãos diretivos da faculdade dos que estão na base do sistema, a Ouvidoria disponibiliza uma rica fonte de informações para a retroalimentação das atividades de planejamento institucional no sentido da correção de rumos e da sintonia com as reais necessidades da comunidade assistida. A existência, pois, da Ouvidoria Universitária atende muito a este perfil. Enquanto há gestores que preferem decisões enclausuradas, tomadas por um grupo restrito aos gabinetes, o que se evidencia é que a voz da comunidade universitária, gerada no contato com o Ouvidor, agrega muitas proposições pertinentes e perfeitamente
exequíveis no dia-a-dia de uma IES.
Para além de um espaço de queixas, reclamações e dúvidas, a Ouvidoria funciona como um amplificador de demandas que, por diferentes razões, não chegam diretamente ou não são
percebidas na atividade cotidiana do dirigente maior da instituição no seu trabalho diário. Assim, conhecer as dificuldades, ajuda a procurar soluções para resolvê-las. Saber quais os setores ou serviços que precisam ser aperfeiçoados permite ao gestor identificar, de maneira isenta, as ações que devem ser implementadas. Muitos problemas identificados ao longo dos 20 anos de funcionamento da Ouvidoria do UNIGRANDE, tiveram respostas adequadas às demandas submetidas ao exame da direção superior, conforme atesta o índice de resolutividade das reclamações, solicitações e sugestões apresentadas.
Os avanços qualitativos experimentados especialmente com a sedimentação do sistema, com diretos reflexos no trabalho desenvolvido pela Ouvidoria, foram decisivos para o desaparecimento de algumas demandas, notadamente aquelas relacionadas à efetivação das matrículas, à aferição de frequência e outras localizadas. A troca de informações e a partilha de experiências, por isso mesmo, indicam a necessidade da ABO NACIONAL e as Seccionais instituírem nas suas estruturas organizacionais um Fórum de Ouvidores Universitários. Fica a sugestão.
*Irapuan Diniz de Aguiar
Advogado e presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Ouvidores (ABO) – Regional Ceará.